Dólar fecha sessão volátil em leve queda com Fed e tensões domésticas no radar

Reuters

Publicado 08.02.2023 17:09

Atualizado 08.02.2023 17:20

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar teve leve queda frente ao real nesta quarta-feira, após uma sessão volátil marcada por comentários de várias autoridades do Federal Reserve, enquanto investidores locais continuaram atentos às tensões entre o governo brasileiro e o Banco Central.

A moeda norte-americana à vista fechou com variação negativa de 0,09%, a 5,1967 reais na venda, depois de ter avançado mais de 3% no acumulado das três sessões anteriores. O pregão foi marcado por instabilidade, e o dólar foi de 5,2460 reais no maior patamar do dia (+0,86%) para 5,1661 no menor (-0,68%).

Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos, atribuiu essa volatilidade, em parte, a comentários recentes do chair do Fed, Jerome Powell, que na véspera não endureceu significativamente seu tom sobre a inflação, mas disse que o processo para fazer com que o ritmo de alta dos preços volte para perto da meta de 2% do banco central norte-americano levará "bastante tempo".

Depois de Powell, vários de seus colegas do Fed falaram publicamente nesta quarta-feira, o que fez o dólar mudar de sinal várias vezes no mercado internacional de acordo com o tom adotado por cada um.

O presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, disse que o banco central dos Estados Unidos ainda tem mais altas de juros pela frente e precisará manter a política monetária restritiva por algum tempo.

Já a autoridade Lisa Cook disse que o banco central está determinado a retornar a inflação à meta de 2% com novos aumentos nos juros, embora tenha ponderado que isso pode ser feito sem um grande avanço no desemprego e tenha destacado a força da economia.

Já o diretor do Fed Christopher Waller disse que a inflação parece prestes a continuar desacelerando este ano, mas a batalha do banco central dos Estados Unidos para atingir sua meta de 2% "pode ser uma longa luta".

No exterior, o índice que compara o dólar a uma cesta de seis pares fortes devolveu tanto perdas quanto ganhos de mais cedo e rondava a estabilidade no final desta tarde, enquanto divisas arriscadas pares do real --como dólar australiano, rand sul-africano e peso mexicano-- operavam em baixa.

Enquanto isso, diante de um pano de fundo de embates entre o governo brasileiro e o Banco Central, os mercados domésticos continuaram um cautelosos nesta sessão, depois que Lula defendeu que o Senado se mantenha "vigilante" com Roberto Campos Neto, o presidente da autoridade monetária, o que colaborou para o vaivém do dólar.

"Lula parece estar em pé de guerra em sua busca por taxas de juros mais baixas e agora tem a independência do Banco Central em sua mira", disse em nota William Jackson, economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

"Se Lula conseguisse o que queria, a experiência do Brasil no início dos anos 2010 e de outros lugares do mundo emergente sugere que isso faria com que a inflação subisse e, em última análise, exigiria um longo período de altas taxas de juros reais mais adiante."

Em geral, uma taxa Selic alta costuma beneficiar o real ao torná-lo mais atraente para uso em estratégias de investimento que buscam lucrar com diferenciais de juros entre economias. No entanto, quanto mais tempo os juros ficam elevados, mais eles tendem a prejudicar a atividade econômica do país, fator que também é levado em consideração por investidores estrangeiros na hora de montar suas carteiras.