Dólar flerta com R$5,70 em semana que antecede Copom

Reuters

Publicado 03.12.2021 17:51

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta nesta sexta-feira, perto de 5,68 reais e na máxima desde abril, alavancado por um movimento global de busca por segurança que dominou os mercados nesta sessão e minou várias classes de ativos de risco, como ações e moedas emergentes.

Temores sobre efeitos potenciais da variante Ômicron do coronavírus sobre a economia global, dados abaixo do esperado do mercado de trabalho norte-americano e um tom persistentemente duro de membros do banco central dos EUA acerca da inflação compuseram um quadro que forçou nova liquidação de ativos de risco no mundo, ao fim de uma das mais voláteis semanas dos últimos meses.

Nesse contexto, o dólar, considerado porto seguro, valorizou-se. Aqui, a moeda negociada no mercado à vista fechou em alta de 0,34%, a 5,6785 reais, maior valor desde 13 de abril passado (5,7175 reais).

A moeda oscilou nesta sessão de 5,6018 reais (-1,02%) a 5,6875 reais (+0,50%).

Na semana, a cotação ganhou 1,47%. Em três dias de dezembro o dólar acumula ganho de 0,74%. No ano, o salto é de 9,38%.

O dólar subiu menos no Brasil do que contra alguns pares nesta sexta, com o mercado doméstico ainda surfando na aprovação da PEC dos Precatórios pelo Senado na véspera, o que concluiu pelo menos um capítulo da novela fiscal.

Mas ainda assim as compras da moeda norte-americana prevaleceram por aqui, num dia em que divisas emergentes e/ou correlacionadas às commodities lideraram as perdas globais nos mercados de câmbio, enquanto iene e franco suíço --também considerados ativos seguros-- ganharam terreno.

Wall Street afundava até 2,4%, variação incomum para os padrões locais, com investidores incertos sobre os planos do banco central dos EUA de acelerar o processo de redução de estímulos num momento em que a pandemia volta a ganhar força e o mercado de trabalho dos EUA emite sinais confusos.

Um índice de moedas emergentes caía 0,3% nesta sexta e estava a caminho de fechar numa mínima desde pelo menos junho de 2010.

"Vejo o pano de fundo, no geral, como mais instável e desafiador para os ativos de risco", disse Dan Kawa, diretor de investimentos e sócio da TAG Investimentos, que listou pontos como nova onda pandêmica na Europa e África (com piora nos EUA), preços de energia na Europa elevados e ausência de sinais de recuperação sustentável na China.

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No Brasil, os temas fiscais seguem como fiel da balança, mas a próxima semana será forte em dados de inflação, com destaque para o IPCA de novembro --a ser divulgado na sexta, dois dias depois da decisão de política monetária do Banco Central.