Dólar futuro supera R$5,80 após choque do mercado com decisão de Fachin sobre Lula

Reuters

Publicado 08.03.2021 17:48

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar negociado no mercado futuro disparava acima de 5,80 reais após as 17h desta segunda-feira, depois de a moeda à vista fechar no maior patamar em quase dez meses. Espantados, investidores repercutiram decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular todas as condenações impostas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela 13ª Vara Federal de Curitiba no âmbito da operação Lava Jato.

Assim, Lula ficaria elegível para a eleição presidencial de 2022. A decisão de Fachin deverá ser avaliada pelo plenário do STF, e a Procuradoria-Geral da República já afirmou que vai recorrer.

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No fim de semana, a imprensa publicou levantamento do Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) segundo o qual Lula teria mais potencial de voto do que Bolsonaro.

"Com Lula elegível, cresce ainda mais a chance deste governo ir totalmente para o populismo", comentou Alfredo Menezes, sócio-gestor na Armor Capital.

O receio de investidores de que o governo enverede por um caminho mais populista aumentou nas últimas semanas, depois de uma série de episódios em que, para o mercado, o presidente Jair Bolsonaro agiu deixando de lado princípios de uma política econômica liberal.

Entre as investidas de Bolsonaro que causaram apreensão estão a decisão pela troca do comando da Petrobras (SA:PETR4) e os alertas feitos por ele de atuação em outras estatais e setores da economia, como energia.

"Com o povo desmobilizado, o Brasil retrocede a passos largos... Enfim, todos pagamos pelo medo que o presidente da República tem de sofrer impedimento e pelo aumento do câncer do populismo", disse Marcio Fontes, chefe da asset management no ASA Investments, em sua conta no Twitter.

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No mercado futuro da B3, em que os negócios vão até as 18h30 (de Brasília), o contrato de dólar de primeiro vencimento saltava 2,21%, a 5,8225 reais, depois de bater 5,8295 reais.

Nas operações interbancárias, o dólar fechou em alta de 1,66%, a 5,7787 reais na venda --maior nível desde 15 de maio do ano passado (5,8392 reais).