Reuters
Publicado 22.05.2020 09:14
Atualizado 22.05.2020 16:10
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar iniciava a tarde desta sexta-feira em leve queda ante o real, em sessão de volatilidade e após ter subido mais cedo, com o mercado atento à cautela internacional e ao cenário político doméstico.
O clima nos mercados globais era de conservadorismo nesta sessão, depois que uma legislação da China sobre Hong Kong agravou tensões entre o país asiático e os Estados Unidos, levantando temores de volta da guerra comercial.
"Hoje, os receios de um acirramento das tensões geopolíticas impõem cautela nos mercados globais", escreveu Ricardo Gomes da Silva Filho, da Correparti Corretora. "O receio é que tal decisão (da China sobre Hong Kong) volte a estimular protestos na região e coloque em xeque o acordo 'Fase 1' entre" as duas maiores economias do mundo.
Agravando o sentimento, a China desistiu de sua meta de crescimento anual pela primeira vez nesta sexta-feira, "o que reforça as preocupações sobre o impacto do coronavírus", disse Ricardo Filho.
No exterior, diante do noticiário preocupante, os investidores fugiam para a segurança do dólar, que subia contra alguns dos principais pares arriscados do real.
Enquanto isso, no ambiente local, "contribui para a cautela a expectativa em relação ao vídeo da reunião ministerial que pode ser liberado hoje, que está como objeto na investigação de possível interferência de Bolsonaro na PF", disse à Reuters Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho.
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidirá nesta sexta-feira se divulga, na íntegra ou parcialmente, a gravação da reunião na qual, segundo o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro cobra-lhe troca na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro sob a ameaça de demiti-lo.
Bolsonaro afirmou na quinta-feira em transmissão por rede social que não é o caso de tornar público o conteúdo completo do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, o que avalia que seria um "constrangimento".
Por outro lado, destacou Rostagno, "a reunião de Bolsonaro com autoridades do país, incluindo os presidentes da Câmara, do Senado e governadores, com tom mais conciliador adotado por todas as partes, agradou ao mercado ontem e está ajudando o real a terminar a semana com ganhos expressivos".
O dólar acumulava queda de cerca de 4,7% ante o real nesta semana até o momento.
Às 13:23, o dólar recuava 0,23%, a 5,5695 reais na venda, após subir a 5,6264 reais (+0,79%) na máxima do dia.
Na véspera, a moeda à vista teve baixa de 1,89%, a 5,5824 reais na venda, menor patamar desde 4 de maio.
Em live nesta sexta-feira, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, disse que o BC avalia ter as ferramentas necessárias para intervir no mercado em caso de disfuncionalidades via swaps, reservas e linhas e não considera ser necessário outro instrumento para tanto.
Na quarta-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que a autarquia tem espaço amplo para a venda de reservas internacionais e poderá aumentar sua atuação no câmbio se considerar necessário. A declaração ajudou na queda do dólar na quinta-feira.
Nesta sexta, o BC vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em operação de rolagem do vencimento julho.
Escrito por: Reuters
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