Reuters
Publicado 15.09.2021 11:53
Atualizado 15.09.2021 12:23
SÃO PAULO (Reuters) - O real deverá mostrar volatilidade no quarto trimestre, conforme o ruído político se soma ao fiscal, e a moeda brasileira deve voltar a depreciar a caminho do terceiro trimestre de 2022 após uma trégua nos primeiros meses do ano, à medida que o cenário político dominar as atenções a partir de abril, previram profissionais do Barclays em relatório divulgado nesta quarta-feira.
Já nos três meses finais de 2020 a divisa brasileira poderá ficar sob pressão devido à incerteza tripartite fiscal, política e econômica. "Qualquer ameaça ao teto de gastos ou a potencial criação de brechas provavelmente pressionariam os ativos locais. A tensão política dificulta a cooperação entre os Poderes e também pode reduzir o ritmo de avanço das reformas", disseram Roberto Secemski, Juan Prada e Sebastian Vargas no relatório.
Com esse pano de fundo, os profissionais avaliam que o dólar pode voltar a operar perto do topo de seu recente intervalo de oscilação.
Os picos mais recentes do dólar foram de cerca de 5,32 reais e 5,42 reais (considerando taxas de fechamento). A cotação no mercado à vista estava em torno de 5,26 reais às 11h12 (de Brasília) nesta quarta-feira.
"O cenário político dominará o sentimento a partir do segundo trimestre de 2022, antes das eleições de outubro. Esperamos um aumento significativo na incerteza, juntamente com fraqueza do real no terceiro trimestre de 2022", disseram.
Antes dessa nova rodada de piora, contudo, três fatores poderiam dar um respiro à taxa de câmbio: resolução da incerteza fiscal (sobretudo na forma de um desfecho para a conta de precatórios); aumento da taxa de retorno oferecida pelo real ("carry trade"), na esteira de um ciclo mais acelerado de alta de juros pelo Banco Central; e um ambiente global mais amigável.
A possibilidade de elevação mais rápida da Selic e a expectativa de que a inflação esteja próximo do pico devem permitir, segundo os profissionais do Barclays (LON:BARC), ao BC chegar a uma taxa terminal de juros mais baixa do que a embutida nos preços dos mercados. Assim, o banco privado projeta alívio na chamada "barriga" da curva --vencimentos intermediários.
"A incerteza fiscal e política pode manter a ponta longa sob pressão, e esperamos que os vértices longos se inclinem em relação à 'barriga' da curva", disseram Secemski, Prada e Vargas. Assim, recomendam posição vendida em taxa de DI janeiro 2024 e comprada em taxa de DI janeiro 2027.
(Por José de Castro)
Escrito por: Reuters
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