Dólar recua ante real com esperanças de gasto extra-teto moderado na PEC da Transição

Reuters

Publicado 14.11.2022 17:11

Atualizado 14.11.2022 17:40

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou o pregão desta segunda-feira, marcado por volatilidade e vaivém, em queda frente ao real, após ser abatido no final das negociações por esperanças de que a equipe de Luiz Inácio Lula da Silva ceda a uma redução nos gastos extra-teto que serão embutidos na PEC da Transição.

A moeda norte-americana à vista fechou em queda de 0,51%, a 5,3026 reais, depois de ter passado boa parte da sessão entre estabilidade e leve alta, o que investidores atribuíram a momentos de cautela antes do feriado nacional da Proclamação da República, que manterá os mercados domésticos fechados na terça-feira.

Mas o dólar sofreu um tombo repentino no final das negociações, indo de estabilidade para queda de mais de 1% em certo ponto, depois que a Bloomberg informou, citando fontes anônimas, que a equipe de transição de Lula considerará uma abordagem mais conservadora ao excepcionalizar despesas das regras fiscais no ano que vem, reduzindo os gastos extra-teto para 130 bilhões de reais.

Até recentemente, o valor extra-teto discutido para inclusão na PEC da Transição estava em torno de 175 bilhões de reais, mas Lula tem ficado sob forte pressão de aliados mais moderados e dos mercados financeiros para que reduza essa quantia.

"O centrão barrar a PEC de transição, tentar negociar para que não tivesse o (valor que) Lula tem anunciado nos últimos dias, daria um pouco de alívio em relação ao risco fiscal", disse à Reuters Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset, sobre o tombo do dólar no final da tarde desta segunda-feira.

Já a Levante Investimentos disse em nota ter como cenário-base a aprovação da PEC na reta final das atividades legislativas deste ano com um valor moderado de gastos acima do teto --maior que a quantia defendida por agentes políticos mais ao centro e moderados, mas abaixo dos 175 bilhões de reais até recentemente pretendidos pela ala de Lula.

Em meio às discussões sobre a PEC, o BTG Pactual (BVMF:BPAC11) avaliou em relatório nesta segunda-feira que o "impasse em relação à sustentabilidade fiscal nos faz esperar que o real siga negociando mais volátil, finalizando o ano em 5,20 por dólar".

Na semana passada, diante de temores sobre os gastos que serão embutidos na PEC, críticas de Lula ao atual arcabouço fiscal do Brasil e indicação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega à equipe de transição, o dólar disparou 5,49%, maior ganho semanal desde maio de 2020.

h2 Exagero/h2

Alguns observadores do mercado financeiro acreditam que o tombo recente dos ativos brasileiros em resposta a preocupações de descontrole fiscal sob Lula pode ter sido exagerado, já que o maior risco para o Brasil seria uma transição de poder conturbada ou golpes contra a democracia --cenário que não se consolidou, apesar de protestos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

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