Dólar cai e real lidera ganhos no mundo em dia de leilões do BC e de exterior positivo

Reuters

Publicado 24.11.2020 09:11

Atualizado 24.11.2020 11:40

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caía ante o real nesta terça-feira, devolvendo a alta da véspera em dia de leilões de rolagens de linhas de moeda estrangeira e de swaps cambiais pelo Banco Central, com o mercado acompanhando ainda o clima positivo no exterior, depois que a administração Trump deu sinal verde para o início de uma transição de governo nos Estados Unidos.

O real liderava as altas entre as principais moedas nesta sessão.

No entanto, analistas não descartavam chances de volatilidade no mercado de câmbio doméstico em meio a dúvidas persistentes sobre a saúde fiscal do Brasil.

Às 11:35, o dólar recuava 0,73%, a 5,3957 reais na venda. A moeda bateu a máxima do dia ainda na primeira hora de negócios (5,4296 reais, queda de 0,10%) e foi à mínima (5,3798 reais, baixa de 1,02%) pouco depois das 10h30.

Na B3 (SA:B3SA3), o contrato de dólar futuro mais negociado cedia 0,96%, para 5,3890 reais.

A moeda dos EUA foi ao piso do dia pouco depois de o BC divulgar que vendeu o lote integral de 1,26 bilhão de dólares em leilão de rolagem de linhas de dólares com compromisso de recompra, que tinham vencimento no início de dezembro.

O BC ainda faz entre 11h30 e 11h40 desta terça operação para rolagem de até 12 mil contratos de swap cambial tradicional vincendos no começo de janeiro.

"Historicamente, o Banco Central sempre deu linhas no final do ano, mas está começando mais cedo este ano, e um dos motivos é a pressão do 'overhedge'", disse Vanei Nagem, responsável pela mesa de câmbio da Terra Investimentos.

O "overhedge" é um tipo de proteção cambial adotada por bancos e que deixou de ser interessante devido a mudanças tributárias anunciadas meses atrás. O "overhedge" consistia em venda adicional de dólares e, com o desmonte ao longo deste ano, os bancos fazem a operação inversa --ou seja, compra de moeda.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, já havia dito na semana passada que a autoridade monetária está preparada para atuar no câmbio caso o mercado não seja capaz de absorver o volume elevado de recursos relacionados ao desmonte de posições de "overhedge" esperado para o término do ano.

Enquanto isso, no exterior, invevstidores de todo o mundo buscavam ações e moedas sensíveis ao risco, com o dólar mostrando perdas contra alguns pares do real, como peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano.

"O momento do mercado está positivo", disse à Reuters Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. "Há uma maior previsibilidade em relação ao futuro, em geral, com fluxo de notícias positivo em relação às vacinas (...) e o governo Trump abrindo as portas para uma transição para a era Biden."

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O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, iniciou nesta terça-feira uma nova fase de sua transição para a Casa Branca, já que o governo atual deu ao democrata acesso a recursos essenciais que lhe permitirão assumir as rédeas do poder em janeiro.

Na segunda-feira, o presidente Donald Trump afirmou ter pedido à diretora da Agência de Serviços Gerais (GSA, na sigla em inglês), Emily Murphy, que iniciasse a transição de poder, apesar de seus planos de continuar com disputas jurídicas pelo resultado da eleição.

As manchetes se somavam a uma série de notícias positivas sobre o desenvolvimento de vacina contra a Covid-19, vista como essencial para a recuperação econômica global, depois que várias farmacêuticas anunciaram altas taxas de eficácia em testes de estágio final e até solicitaram autorização para uso emergencial nos EUA.

Mas, no Brasil, a persistente incerteza em relação à saúde das contas públicas continuava no radar dos mercados, opondo-se ao otimismo externo.