Dólar recua ante real de olho em exterior e sinalização do BC

Reuters

Publicado 17.11.2020 09:17

Atualizado 17.11.2020 10:55

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar era negociado em queda contra o real nesta terça-feira, acompanhado a fraqueza da moeda norte-americana no exterior e refletindo a percepção dos investidores de que o Banco Central deixou a porta aberta para recalibragem da oferta de swaps tradicionais anunciada na véspera, para rolagem.

O BC começará nesta terça-feira a rolagem de 11,8 bilhões de dólares em swaps cambiais tradicionais que vencem em 4 de janeiro de 2021, o equivalente a 235.950 contratos, e disse que poderá recalibrar o montante ofertado, conforme as condições de mercado.

Em comunicados anteriores, a autarquia havia se limitado a sinalizar a possibilidade de alteração do lote ofertado a cada dia ou de aceitação de propostas em montante inferior à oferta.

Dessa vez, o BC indicou que "poderá recalibrar o montante ofertado, conforme as condições de mercado", segundo nota na segunda-feira.

"O principal direcionamento dos mercados de câmbio tem a ver com comunicado mais recente do BC, em que (a autarquia) deixou a porta aberta para recalibrar a oferta", explicou à Reuters Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos.

Segundo ele, essa medida mostra intenção do BC de corrigir disfuncionalidades relacionadas ao ajuste de 'overhedge' de grandes bancos, que tem potencial para pressionar a taxa de câmbio, e destacou que a atitude não sugere a influência de temores sobre a saúde fiscal doméstica.

São chamadas de 'overhedge' operações de proteção cambial de investimentos no exterior, adotadas por bancos.

Às 10:52, o dólar recuava 0,60%, a 5,4073 reais na venda, depois de ter chegado a cair mais de 1% na mínima do dia, a 5,3820 reais.

Na B3, o dólar futuro perdia 0,37%, a 5,401 reais.

Enquanto isso, a fraqueza da moeda norte-americana no exterior era citada por analistas como fator adicional de impulso para o real. O índice do dólar contra uma cesta de pares fortes caía cerca de 0,2%.

Recentemente, o otimismo em relação a uma vacina para a Covid-19 tem fornecido combustível para a busca por risco, com as farmacêuticas norte-americanas Pfizer e Moderna anunciando taxas de eficácia de 90% e 94,5% em seus testes em estágio avançado.

Além disso, a vitória eleitoral do democrata Joe Biden nos Estados Unidos tem sido apontada como positiva para ativos de países emergentes, em meio a perspectivas de uma linha comercial menos dura na maior economia do mundo.