Dólar recupera fôlego após surpresa para cima em dados de emprego dos EUA

Reuters

Publicado 03.02.2023 09:10

Atualizado 03.02.2023 11:26

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuperou fôlego frente ao real na manhã desta sexta-feira, depois que um relatório de emprego surpreendentemente forte do governo dos Estados Unidos reduziu esperanças de abrandamento do aperto monetário do Federal Reserve, enquanto investidores continuavam repercutindo críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à independência do Banco Central.

Às 11:22 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 1,30%, a 5,1112 reais na venda, aproximando-se novamente do pico do dia, de 5,1222 reais, depois de mais cedo ter chegado a reduzir sua alta e a operar na casa dos 5,05.

Na B3 (BVMF:B3SA3), às 11:22 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,15%, a 5,1310 reais.

O dólar disparou globalmente depois que o Departamento do Trabalho dos EUA informou nesta sexta-feira a abertura de 517 mil vagas de emprego fora do setor agrícola do país no mês passado. A leitura ficou bem acima das 185 mil vagas esperadas por economistas consultados pela Reuters.

"A gente tinha falas do (chair do Fed, Jerome) Powell dando uma sinalização de que poderia ter começado uma desinflação nos Estados Unidos. Aí vem essa pancada do 'payroll' e mostra uma economia bastante resiliente, bastante robusta. Com esses dados de emprego, fica difícil conseguir controlar uma pressão maior de demanda", disse à Reuters Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset.

Na quarta-feira, depois que o banco central dos EUA desacelerou o ritmo de seu aperto monetário ao elevar os juros em apenas 0,25 ponto percentual, Powell comemorou em discurso um recente arrefecimento nos dados de inflação norte-americanos, fala que levou investidores a aumentarem as apostas de que o Fed estaria perto de encerrar as alta de taxas.

No entanto, após os dados de emprego desta sexta, o mercado futuro norte-americano passou a refletir chances maiores de que o Fed não pare de elevar os juros até que chegue à faixa de 5% a 5,25%. Antes do relatório, os operadores viam uma pausa em pouco menos de 5% como mais provável.

"Um mercado de trabalho altamente aquecido pode pressionar o Fed e fazer com que seja revisto seu plano de política monetária para ajustes de rota, inclusive voltando a considerar subir os juros além do previsto", disse Carlos Vaz, presidente-executivo da Conti Capital. "Agora, fazendo uma leitura não isolada do índice, ainda sinto confiança em dizer que os dias mais difíceis estão ficando para trás, apesar de ainda ser momento para cautela."