Dólar reduz perdas e fecha em leve baixa com noticiário no Brasil compensando exterior

Reuters

Publicado 14.12.2023 17:15

Atualizado 14.12.2023 17:50

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista voltou a cair ante o real nesta quinta-feira, dando continuidade ao movimento da véspera, após o Federal Reserve adotar uma postura mais branda em relação à inflação, e repercutindo também o comunicado do Copom, que reforçou a expectativa por mais cortes de 0,50 ponto percentual da Selic, e não de 0,75 ponto percentual.

No fim da tarde, porém, a moeda norte-americana reduziu as perdas no Brasil, em meio ao noticiário ligado ao Congresso Nacional, que está na reta final dos trabalhos em 2023.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9155 reais na venda, em baixa de 0,10%. Foi a segunda sessão consecutiva de queda para a moeda norte-americana, que com o movimento desta quinta-feira registra estabilidade no acumulado de dezembro.

Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:31 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,10%, a 4,9130 reais.

Na quarta-feira, o dólar à vista já havia recuado quase 1% ante o real, após o Fed anunciar a manutenção de sua taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50%, como esperado, mas projetar cortes de juros de 75 pontos-base em 2024 -- mais do que o previsto anteriormente.

Nesta quinta-feira, a pressão baixista vinda do exterior continuou, com o dólar cedendo ante as divisas fortes e em relação a quase todas as moedas de emergentes e exportadores de commodities. Novamente, o Fed mais dovish (brando com a inflação) conduzia as perdas do dólar -- amplificadas ainda por indicações de bancos centrais da Europa de que os cortes de juros na região vão demorar mais do que o esperado.

No Brasil, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, na véspera, também favorecia mais um dia de perdas para o dólar. O colegiado cortou a taxa básica Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,75% ao ano, mas reforçou a intenção de promover pelo menos mais dois cortes de mesma magnitude.

Os efeitos da decisão do BC atuavam no sentido de nova queda para o dólar ante o real nesta quinta-feira, após a moeda norte-americana à vista ter encerrado a quarta-feira com quase 1% de baixa, na esteira do Fed.

Isso porque, ao reforçar a perspectiva de mais cortes de 0,50 ponto percentual -- e não de 0,75 ponto percentual, como chegou a ser aventado na curva a termo brasileira -- a leitura era de que o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos seguirá em níveis mais elevados, pelo menos por enquanto, o que favorece a atração de divisas para o país, conforme profissionais ouvidos pela Reuters.

Neste cenário, o dólar à vista chegou a oscilar abaixo dos 4,90 reais, marcando a cotação mínima da sessão, de 4,8750 reais (-0,92%), às 11h51.

Ao longo da tarde, porém, a moeda norte-americana recuperou fôlego no Brasil. O movimento ocorreu sob influência do noticiário de Brasília, que trouxe novamente à tona os receios em torno do equilíbrio fiscal do governo Lula.

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Numa derrota para o Planalto, o Congresso votou pela derrubada do veto presidencial ao projeto que prorroga até 2027 a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia. A rejeição do veto dificulta os esforços do governo para incrementar a arrecadação federal e sua intenção de cumprir a meta fiscal de resultado primário zero em 2024.

Além disso, uma comissão mista do Congresso aprovou a medida provisória que regulamenta as subvenções, após alterações flexibilizarem a proposta original do governo, incluindo também uma regra mais frouxa para o mecanismo de Juros sobre Capital Próprio (JCP).

Com as mudanças feitas pela comissão, o potencial de arrecadação poderá cair. O Ministério da Fazenda, que ainda não apresentou novas estimativas de impacto, projetava um ganho de 45,8 bilhões de reais para o ano que vem -- 35,3 bilhões de reais com o tema das subvenções e 10,5 bilhões de reais com JCP.

Com o noticiário local, o dólar fechou perto da estabilidade ante o real, em leve baixa, ainda que no exterior a divisa seguisse com perdas firmes em relação às demais moedas.