Dólar tem queda após sequência expressiva de ganhos, mas cautela permanece

Reuters

Publicado 17.04.2024 09:17

Atualizado 17.04.2024 10:40

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar passou a cair nesta quarta-feira, perdendo fôlego depois de avançar por cinco pregões consecutivos, mas com o apetite por risco dos investidores ainda limitado por temores fiscais domésticos e pelo pessimismo em relação ao Federal Reserve.

Às 10h20 (de Brasília), o dólar à vista caía 0,38%, a 5,2485 reais na venda. Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,76%, a 5,2545 reais na venda.

Segundo operadores, essa desvalorização é um movimento de ajuste depois de, na véspera, o dólar à vista ter fechado em alta de 1,64%, chegando a 5,2686 reais na venda. Foi o maior valor de fechamento para a moeda norte-americana desde 23 de março de 2023 (5,2898).

Em cinco dias úteis, a divisa acumulou elevação de 5,23% ante o real, de forma que a leve fraqueza do dólar nesta manhã não chega nem perto de compensar o salto recente.

"Dado o fato de uma volatilidade tão alta ter acontecido em um período tão curto, é difícil olhar para frente e dizer se o dólar deve se manter nesse patamar ou se ele deve recuar", disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.

"O ponto é que, quando acontecem esses movimentos, a ancoragem de preço costuma mudar, então é possível que a gente veja o dólar entre 5,10 e 5,20 durante um tempo ainda, mesmo que não tenham mudado muito os fundamentos da moeda", completou ele.

A recente alta do dólar veio em linha com movimento global de reprecificação dos cortes de juros pelo Federal Reserve após a divulgação de dados fortes sobre a economia norte-americana.

Operadores precificam agora cortes de 0,40 ponto percentual dos juros pelo Fed em 2024, drasticamente abaixo do 1,50 ponto esperado no início do ano.

Isso aponta para um cenário de juros altos por mais tempo nos EUA, elevando a atratividade do mercado de renda fixa norte-americano e, consequentemente, do dólar.

"Localmente, os investidores também reagiram à piora no que tange o fiscal, após a decisão do governo de não apresentar superávit fiscal em 2025", disseram em relatório a clientes Gabriela Joubert, estrategista-chefe do Inter, e dois analistas-chefes do banco.