Reuters
Publicado 23.09.2021 09:13
Atualizado 23.09.2021 10:36
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar abandonou as mínimas do dia e passava a cair apenas ligeiramente contra o real nesta quinta-feira, depois que o Banco Central aumentou a taxa Selic em 1 ponto percentual na véspera, ao patamar de 6,25% ao ano.
Em comunicado, a autarquia indicou que deve adotar outro ajuste de igual magnitude na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em outubro, e frisou que sua intenção é avançar com os juros a patamar que atue no sentido de esfriar a economia de forma a conter a inflação.
Às 10:24, o dólar recuava 0,10%, a 5,2978 reais na venda, depois de chegar a cair para 5,2566 na mínima do dia (-0,88%). O contrato mais líquido de dólar futuro ganhava 0,07%, a 5,3025 reais.
O UBS disse em relatório divulgado na véspera que a decisão da última reunião do Copom não trouxe grandes surpresas para os mercados, mas notou que possível deterioração das expectativas de inflação poderia levar os mercados a precificarem mais aumentos de juros pelo BC no início de 2022.
"O real deve se beneficiar de seu melhor perfil de carrego contra a maioria de seus pares emergentes, e os riscos são de que os mercados precifiquem um BC mais 'hawkish' (duro com a inflação) daqui em diante", disse o banco suíço em relatório assinado pelos economistas Alexandre de Azara e Fabio Ramos e pelo estrategista Roque Montero.
No entanto, com a impressão de boa parte dos mercados de que o Banco Central fechou a porta para ajustes mais acentuados na Selic, de 1,25 ou até 1,5 ponto percentual, desvalorizações mais intensas da divisa norte-americana são contidas, principalmente com a expectativa de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) suba com força em setembro, disse à Reuters Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
A previsão de maior pressão nos preços ao consumidor reflete a bandeira tarifária "escassez hídrica" sobre os preços de energia, disse ele.
Na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a autarquia levará a Selic para onde for necessário, mas não vai alterar seu plano de voo a cada número inflacionário de alta frequência que sair.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o Federal Reserve sinalizou na quarta-feira que provavelmente começará a reduzir suas compras mensais de títulos já em novembro, indicando ainda que altas dos juros podem se seguir mais rapidamente que o esperado.
Embora reduções de estímulo tendam a beneficiar a divisa norte-americana com a perspectiva de retorno de recursos para os EUA, o índice do dólar contra uma cesta de moedas fortes caía 0,37% nesta manhã.
Isso porque o chair do Fed, Jerome Powell "conseguiu vender isso da forma mais 'dovish' (inclinada a manutenção de condições frouxas) possível, afirmando que o 'tapering' (redução de estímulos) não é motivo para se preocupar", explicou Cruz.
Além disso, explicou o estrategista, muitos participantes do mercado já precificavam que o Fed anunciaria corte em suas compras de títulos em novembro ou dezembro.
Na véspera, o dólar à vista subiu 0,34%, a 5,3033 reais na venda.
(Edição de Camila Moreira)
Escrito por: Reuters
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