Reuters
Publicado 03.08.2023 09:11
Atualizado 03.08.2023 10:26
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar saltava frente ao real nesta quinta-feira, depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortou a Selic em 0,50 ponto percentual na véspera, delineando uma provável trajetória mais rápida de redução do diferencial de juros entre o Brasil e grandes economias, ao mesmo tempo em que o ambiente externo se mostrava ruim para ativos arriscados.
Às 10:09 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 1,29%, a 4,8669 reais na venda.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 10:09 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,14%, a 4,8925 reais.
O BC anunciou na véspera a redução da Selic de 13,75% para 13,25% ao ano, em decisão que dividiu os membros de sua diretoria em 5 a 4. O Copom também sinalizou novos cortes equivalentes nas próximas reuniões, após a primeira flexibilização na taxa básica de juros em três anos.
Economistas consultados pela Reuters esperavam redução mais branda, de 0,25 ponto percentual, enquanto operadores do mercado financeiro se mostravam igualmente divididos entre corte de 0,25 e ajuste de 0,50 ponto.
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho (NYSE:MFG), disse à Reuters que o corte mais acentuado do que boa parte dos mercados esperava colaborava para a desvalorização do real, uma vez que torna o apelo de diferencial de juros da moeda menos atraente.
Isso porque o nível alto das taxas torna o real interessante para uso em estratégias de "carry trade", que consistem na tomada de empréstimo em país de juro baixo e aplicação desses recursos em mercado mais rentável. Quanto mais a Selic cair, mais o Brasil perderá vantagem no "carry trade".
Por outro lado, disse Rostagno, "o impacto no mercado de câmbio acaba sendo um pouco limitado pela forte sinalização que o BC deu de que não pretende acelerar o ritmo de cortes", ao mesmo tempo que parte do risco de um corte menos parcimonioso da Selic já havia sido precificado pelos operadores.
Ele acrescentou ainda que boa parte da alta do dólar nesta quinta-feira também era reflexo de um ambiente externo avesso a risco.
"Dados econômicos piores do que o esperado na zona do euro e informações sobre mercado imobiliário chinês ajudam a elevar preocupação com o crescimento econômico mundial, com moedas emergentes perdendo frente ao dólar", disse ele.
Dados desta manhã mostraram que a retração na atividade empresarial da zona do euro piorou mais do que se pensava inicialmente em julho.
Agora, o foco dos mercados na frente dos dados econômicos deve ficar sobre um relatório de empregos dos Estados Unidos de sexta-feira, que pode ajudar investidores a entender se o Federal Reserve já encerrou ou não seu intenso ciclo de aperto monetário.
"Isso acho que tem sim uma relevância maior no que se refere a dados, já que poderá nos traçar aí uma trajetória de um dólar mais forte nos próximos meses, ou não. Isso vai depender do que vai sair no 'payroll' de amanhã", disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8051 reais na venda, com alta de 0,29%.
Escrito por: Reuters
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