Dólar se afasta de máximas, mas segue em alta ante real com temor global e eleições locais

Reuters

Publicado 29.09.2022 09:11

Atualizado 29.09.2022 10:15

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançava nesta quinta-feira, embora tenha devolvido algum terreno depois de mais cedo superar 5,40 reais, com investidores ainda temendo possível recessão global, enquanto a aproximação do primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil colaborava para a cautela.

Às 9:59 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,90%, a 5,3973 reais na venda, depois de mais cedo chegar a subir 1,40%, a 5,4241 reais. A moeda norte-americana revertia as perdas da véspera, quando caiu 0,52%, a 5,3492 reais na venda.

Investidores alertavam para a possibilidade de volatilidade nesta quarta-feira devido à formação da Ptax --taxa de câmbio calculada pelo Banco Central usada como referência para operações financeiras-- de fim de mês, que acontecerá na sexta. Esse evento tradicionalmente traz instabilidade às negociações, conforme operadores tentam direcionar a taxa a níveis mais interessantes para suas posições.

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Na B3 (BVMF:B3SA3), às 9:59 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,47%, a 5,3985 reais.

"Ativos de risco estão devolvendo parte dos ganhos registrados ontem, com um cenário macro extremamente desafiador se sobrepondo à recente melhora do quadro técnico nos mercados", disseram estrategistas da Guide Investimentos em nota. "Índices acionários operam em queda, o dólar avança e os juros voltaram a abrir nas economias desenvolvidas."

O índice da moeda norte-americana contra uma cesta de pares fortes ganhava apenas 0,19% nesta manhã, mas o dólar avançava acentuadamente contra a maioria das divisas de países emergentes ou ligadas às commodities. Rand sul-africano e dólar australiano, por exemplo, caíam 0,6% cada no dia.

Ao mesmo tempo, quase todas as principais bolsas da Europa tinham perdas superiores a 1% nesta quinta-feira, assim como os futuros de Wall Street, enquanto os rendimentos dos títulos soberanos dos Estados Unidos retomavam seu movimento ascendente.

Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, disse à Reuters que um dos principais fatores por trás desses movimentos é a perspectiva de aperto monetário agressivo pelo banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, que já subiu sua taxa de juros em 3 pontos percentuais desde março deste ano e tem indicado mais por vir.

"O aumento dos juros faz com que tenha um fluxo natural para o país; se seus ativos são seguros e estão rendendo mais, isso redireciona capitais, principalmente de países emergentes", disse Sung.

O cenário do outro lado do Atlântico também é desafiador, com a inflação crescente na zona do euro forçando o Banco Central Europeu (BCE) a aumentar os custos dos empréstimos acentuadamente mesmo diante de uma desaceleração econômica, enquanto, no Reino Unido, um polêmico pacote fiscal do governo recentemente abalou os mercados financeiros.

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Tudo isso, aliado a pontos de cautela domésticos, cria uma "tempestade perfeita" para a valorização do dólar, disse Sung.