Dólar sobe ante real com dados dos EUA, Copom e fiscal no radar

Reuters

Publicado 04.08.2021 11:49

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar passou a subir frente ao real nesta quarta-feira, com investidores digerindo dados de emprego dos Estados Unidos em meio a um noticiário fiscal tenso e a expectativas de um posicionamento mais agressivo do Banco Central do Brasil ao fim de sua reunião de política monetária.

Às 11:38, o dólar avançava 0,70%, a 5,2268 reais na venda.

A moeda operou em queda durante boa parte da manhã e pouco depois das 10h30 tocou a mínima do dia, em baixa de 0,48%, para 5,1653 reais. Mas inverteu o sinal e bateu uma máxima de 5,238 reais (+0,92%), ganhando fôlego por volta de 11h15, acompanhando o fortalecimento do dólar no exterior.

O índice da divisa norte-americana contra seis rivais fortes subia 0,2%, após apresentar queda mais cedo, enquanto rand sul-africano, peso mexicano e dólar australiano, moedas arriscadas e pares do real, passaram a cair.

No radar dos investidores, dados de emprego desta manhã mostraram que a criação de vagas de trabalho no setor privado dos Estados Unidos subiu bem menos do que o esperado em julho, provavelmente limitada pela escassez de trabalhadores e matérias-primas.

Segundo Alexandre Almeida, da CM Capital, os dados de emprego estão intimamente ligados à posição de política monetária do Federal Reserve, com números abaixo do esperado "corroborando um cenário de manutenção" de seu estímulo à economia. Agora, disse ele, investidores ficarão atentos ao relatório sobre a criação de vagas do Departamento do Trabalho dos EUA, que será divulgado na sexta-feira.

"O 'payroll' vai trazer uma noção sobre o 'timing' do encerramento da política monetária estimulativa do Fed", afirmou.

Outro destaque era a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que se encerra nesta quarta-feira. A expectativa consenso de mercado é de que a taxa Selic seja elevada em 1 ponto percentual, de acordo com uma pesquisa da Reuters, o maior aumento de juros desde 2003.

Outros especialistas, no entanto, esperam alta menos intensa, de 75 pontos-base, como é o caso de Almeida, da CM Capital. Para ele, mesmo que seu cenário se confirme e o Copom não pise completamente no acelerador, a tendência é de desvalorização do dólar contra o real.

Almeida explicou que custos de empréstimos mais altos no Brasil tendem a beneficiar a moeda local, ao tornar o mercado de renda fixa doméstico mais atrativo para o investidor estrangeiro e, consequentemente, elevar a perspectiva de ingresso de recursos no país.

Por outro lado, estimulando a busca pela segurança da moeda norte-americana, uma nuvem de incerteza pairava sobre o cenário fiscal doméstico.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na terça-feira que a quitação integral dos precatórios calculados para 2022, da ordem de 90 bilhões de reais, atingiria as despesas do governo como um todo e não só o programa Bolsa Família, razão pela qual a União está trabalhando em proposta para flexibilizar as regras desse pagamento.

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