Exterior piora e empurra dólar a alta de mais de 1%

Reuters

Publicado 13.07.2020 09:08

Atualizado 13.07.2020 18:00

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar começou a semana em alta ante o real, depois de chegar a cair no início do pregão desta segunda-feira, com a moeda acelerando os ganhos na parte da tarde à medida que os mercados externos pioraram o sinal.

Por volta de 15h, o dólar ampliou os ganhos ante o real conforme a moeda no exterior também tomava fôlego. Ao mesmo tempo, o Ibovespa e o índice S&P 500, da Bolsa de Nova York, passaram a ser alvejados por vendas. Veja gráfico abaixo:

Mas o real já estava entre as divisas de pior desempenho desde cedo, seguindo um dia mais fraco para pares latino-americanos, diante de perspectivas mais incertas para a região por causa da crise do Covid-19.

O dólar à vista subiu 1,21%, a 5,388 reais na venda.

Na B3, o dólar futuro tinha alta de 1,22%, a 5,3935 reais, às 17h14.

O real dividiu com o peso mexicano o posto de moeda com pior desempenho global na sessão, e ambos eram seguidos por peso argentino e, um pouco mais atrás, por peso colombiano.

"Seguimos com liquidez menor, o que deixa o mercado suscetível a essas mudanças de variação", disse Fernando Bergallo, sócio da FB Capital. Em patamar em torno de 1 bilhão de dólares, a média de 21 dias do volume de câmbio contratado no mercado físico está perto de mínimas desde setembro de 2018 e entre a média diária mais fraca em uma década.

Segundo contagem da Reuters, o número de mortes por coronavírus na América Latina superou o de óbitos registrados na América do Norte pela primeira vez desde o início da pandemia. Em todo o mundo, os casos registrados de Covid-19 ultrapassaram 13 milhões nesta segunda-feira. Também nesta segunda, a agência de classificação de risco S&P Global cortou as previsões para as economias de mercados emergentes, com a América Latina sofrendo a maior redução nas estimativas. A pandemia tem se mantido resiliente em países latino-americanos, mas isso não tem impedido que governos reabram as economias. Tal combinação ameaça gerar nova onda de casos potencialmente prejudicial à recuperação da atividade, adiando mais o retorno do investimento estrangeiro. Para o Citi, um "conjunto de evidências" sugere risco "não negligenciável" que o Brasil possa não apenas interromper, mas também potencialmente reverter o processo de abertura em andamento da economia.

Num pior cenário, "o controle da pandemia de Covid-19 no Brasil levará mais tempo, prolongando a crise econômica e exacerbando a deterioração já insustentável das contas fiscais", disseram analistas do banco em estudo.