Dólar sobe ante real com novo recrudescimento nas tensões comerciais globais

Reuters  |  Autor 

Publicado 06.12.2018 10:42

Dólar sobe ante real com novo recrudescimento nas tensões comerciais globais

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia ante o real e voltou ao nível de 3,90 reais nesta quinta-feira, em dia de aversão global ao risco após a prisão de uma executiva da gigante chinesa Huawei, intensificando os temores de guerra comercial entre Estados Unidos e China poucos dias depois de um encontro histórico entre os presidentes dos dois países.

Às 10:41, o dólar avançava 0,77 por cento, a 3,8981 reais na venda, após bater a máxima de 3,9058 reais. O dólar futuro tinha avanço de cerca de 0,7 por cento.

"É negativo para a China...e se é negativo para a China é também para os países emergentes. É dólar mais forte...sugere menos exportações do Brasil", avaliou a estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte.

Meng Wanzhou, vice-presidente financeira da Huawei e filha do fundador da empresa, Ren Zhengfei, foi presa em Vancouver e enfrenta uma possível extradição para os EUA por supostas violações de sanções dos EUA.

A notícia afetou as esperanças de que fossem amenizadas as tensões comerciais Estados Unidos e Chinas depois da trégua de 90 dias acertada entre as partes no último sábado.

O episódio é mais um a se somar à aversão ao risco global. Na véspera, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, já tinha dito que seria forçado a responder se os EUA saírem do Tratado de Controle de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês), um dia depois de os norte-americanos darem um ultimato de 60 dias aos russos.

Em meio à tensão geopolítica e guerra comercial, o achatamento da curva de juros norte-americana no começo da semana também levantou preocupações sobre uma possível recessão na maior economia do planeta.

Nesta quinta-feira, o dólar rondava a estabilidade ante a cesta de moedas, mas subia ante as divisas emergentes, como o peso chileno e o rublo.

Internamente, os investidores estão cautelosos com o novo governo e as indefinições sobre reforma da Previdência e a cessão onerosa.

"Acho que é cedo para sabermos como será a articulação do governo, vamos ter condição de avaliar em janeiro ou fevereiro. Mas o mercado está ansioso... é mais um ponto negativo a pressionar o câmbio", acrescentou Fernanda.