Dólar perde fôlego com exterior, mas cautela persiste

Reuters

Publicado 10.07.2020 09:13

Atualizado 10.07.2020 11:20

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar passava a alternar leve queda e estabilidade ante o real nesta sexta-feira, depois de mais cedo subir quase 1%, com a perda de fôlego ocorrendo na esteira de uma abertura menos negativa em Wall Street e do enfraquecimento da divisa no exterior, mas ainda com cautela em meio a números recordes de casos de Covid-19 nos EUA.

Às 11:06, o dólar recuava 0,26%, a 5,3298 reais na venda. Na máxima, a cotação subiu 0,97%.

Na B3, o dólar futuro tinha queda de 0,23%, a 5,3345 reais.

No exterior, o dólar passou a cair frente a vários rivais, depois de mais cedo ter subido contra praticamente todos, enquanto moedas emergentes se apreciavam. O índice do dólar ante uma cesta de moedas caía 0,2%.

Veja gráfico do índice do dólar e do real nesta sexta-feira:

Wall Street oscilava perto da estabilidade, apesar do receio do mercado de que novas quarentenas impostas por alguns Estados norte-americanos prejudiquem a recuperação na maior economia do mundo, que ainda luta para sair da recessão.

Mais de 60.500 novas infecções por coronavírus foram relatadas nos Estados Unidos na quinta-feira, a maior contagem de casos em um único dia em qualquer país desde que o vírus surgiu no final do ano passado na China.

E no Brasil a pandemia também segue resiliente, com 42.619 novos casos de coronavírus na quinta, elevando o total para 1.755.779. Foram mais 1.220 mortes informadas na véspera, com o número agregado indo a 69.184.

"Frente ao aumento dos riscos do cenário, investidores optam por manter posições mais cautelosas", disse em nota Alejandro Ortiz Cruceno, da equipe econômica da Guide Investimentos e chamando atenção para a queda nos yields dos Treasuries e alta do ouro, ativos demandados em tempos de incerteza.

Do lado macro, o setor de serviços registrou queda em maio, ainda afetado pelas quarentenas impostas para conter a disseminação do Covid-19. E o IPCA de junho subiu em linha com as expectativas, o que orienta as atenções do mercado para eventuais leituras mais altas nos próximos meses.

Em entrevista à Reuters na noite de quarta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o BC precisa entender o impacto do crescimento na inflação para avaliar se ainda há espaço para corte residual nos juros básicos, complementando que dados na margem mostram inflação acima das expectativas.