Dólar sobe pelo 3ª pregão seguido e tem alta na semana com cautela local

Reuters

Publicado 20.01.2023 17:22

Atualizado 20.01.2023 17:50

Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançou ante o real pela terceira sessão consecutiva nesta sexta-feira, acumulando alta de cerca de 2% na semana, à medida que agentes financeiros ainda repercutiram declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a economia, enquanto, no exterior, a moeda norte-americana recuava frente à maioria das divisas.

O dólar à vista subiu 0,68%, a 5,2086 reais na venda, maior patamar de fechamento desde 9 de janeiro (5,2594). A moeda norte-americana teve sua primeira semana de alta frente ao real em 2023, com ganhos de 1,98%.

"O mercado vê com certa aversão essas falas do Lula, causa instabilidade", disse à Reuters o diretor da mesa de câmbio e investidor estrangeiro da Planner Corretora, Douglas Ferreira.

Entre as declarações de Lula que geraram reação negativa nos ativos locais nos últimos dias estão indicações de mudanças no salário mínimo e no Imposto de Renda, com potencial impacto nas contas públicas, e críticas à atual meta de inflação e à independência do Banco Central (BC), temas caros aos agentes financeiros.

Sobre a autonomia do BC, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou na véspera que não há "nenhuma predisposição" do governo de fazer qualquer mudança na relação com a autarquia. Roberto Campos Neto, presidente do BC, relativizou as críticas feitas por Lula, mas reforçou sua defesa à autonomia do órgão e se comprometeu a ficar no cargo até o fim do mandato.

"Apesar de todo esse barulho, mantemos a hipótese de que o BC permanecerá com autonomia formal. Além disso, o desconforto com a meta de inflação sugere que Lula é mais propenso a tolerar níveis de inflação mais elevados", escreveu a equipe do Citi em relatório nesta sexta-feira.

No exterior, o dólar alternava certa estabilidade e leve baixa ante uma cesta de moedas fortes, tendo revertido ganhos de mais cedo -- o que contribuiu para uma redução do avanço frente ao real durante o pregão, que chegou a ser de mais de 1%.

A moeda norte-americana caía contra a maioria das divisas emergentes.