Dólar supera R$5,19 por temores econômicos globais e incerteza sobre Petrobras

Reuters

Publicado 20.06.2022 10:58

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar passava a subir e superou a marca de 5,19 reais nesta segunda-feira, depois de abrir a sessão com pouca alteração, com receios sobre políticas monetárias mais restritivas nas principais economias do mundo somando-se a temores domésticos sobre o futuro da Petrobras (SA:PETR4), que viu mais um presidente-executivo pedir demissão nesta manhã.

Às 10:43 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,89%, a 5,1919 reais na venda, rondando os picos do dia, depois de mais cedo ter chegado a cair 0,17%, a 5,1370 reais.

A última vez que o dólar encerrou uma sessão acima dos 5,19 reais foi em 14 de fevereiro passado, quando fechou em 5,2195 reais.

Na B3 (SA:B3SA3), às 10:43 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,63%, a 5,2065 reais.

Com esse desempenho, que destoava da queda de 0,26% do índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes, a moeda norte-americana estendia uma tendência de ganhos recente, caminhando para a nona valorização diária em dez pregões contra o real.

Michelle Hwang, estrategista de câmbio e juros do BNP Paribas (EPA:BNPP), atribuiu parte desse rali à decisão recente do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, de elevar sua taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, maior dose de aperto desde 1994.

Além de tornar a renda-fixa norte-americana mais atraente para investidores estrangeiros, o que tende a beneficiar o dólar, custos de empréstimos mais altos nos Estados Unidos elevam os temores de investidores de desaceleração econômica ou até de recessão em escala global, diminuindo o apetite por ativos arriscados, como moedas de países emergentes, explicou ela.

Ao mesmo tempo, Hwang avaliou o comunicado de política monetária do Banco Central do Brasil da semana passada, quando a autarquia aumentou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, como "mais brando", sinalizando provável desaceleração no ritmo de aperto monetário em sua próxima reunião, em agosto.

Quanto mais agressivo é o BC na elevação dos juros básicos, mais o real tende a se beneficiar, já que fica mais rentável --e, consequentemente, atraente-- para o investidor estrangeiro. Da mesma forma, indicações mais moderadas da autarquia sobre o aperto monetário costumam reduzir o apelo da moeda brasileira.

Somando-se a um ambiente já desafiador, em meio às preocupações sobre o crescimento econômico global e à aproximação das eleições presidenciais domésticas, a incerteza sobre o futuro da Petrobras voltava aos holofotes nesta segunda-feira, depois que José Mauro Coelho pediu demissão do cargo de presidente-executivo da empresa nesta manhã.

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Sua saída ocorre em meio à crescente pressão sobre a estatal, especialmente após o reajuste dos preços do diesel e da gasolina anunciado na sexta-feira. Coelho é o terceiro presidente da Petrobras a deixar o comando em um contexto de insatisfação do governo com a política de preços da empresa.