Dólar supera R$5,45 com temores globais sobre redução de estímulo

Reuters

Publicado 19.08.2021 09:10

Atualizado 19.08.2021 11:01

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançava contra o real nesta quinta-feira, chegando a superar os 5,45 reais nas máximas do dia depois que as autoridades do Federal Reserve abalaram os mercados globais ao levantarem a possibilidade de redução de estímulos já em 2021, em meio ainda às teimosas incertezas políticas e fiscais domésticas.

Às 11:48, o dólar avançava 0,78%, a 5,4213 reais na venda, depois de ir a 5,4568 reais no pico da sessão (+1,50%). Na B3 (SA:B3SA3), o dólar futuro subia 0,42%, a 5,4185 reais.

A maior parte do comitê do Fed que define as taxas de juros está se unindo em torno de um plano que fará com que o banco central dos Estados Unidos comece a cortar seu programa de compra de títulos no fim deste ano, mostrou a ata de sua última reunião.

Embora o documento tenha tentado desvincular o fim das compras com a necessidade mecânica de alta de juros, "o mercado ainda deve enxergar que quão mais cedo ocorrer o anúncio, maior a probabilidade de aumento da taxa de juro no final de 2022", disse a equipe de pesquisa macro do BTG Pactual (SA:BPAC11).

"O resultado desses fatores poderia promover uma mudança no diferencial de juro esperado nas curvas de juros das economias maduras e também emergentes, dando uma sustentação para o dólar global permanecer nesse patamar mais forte que vem negociando", afirmaram os estrategistas em relatório de quarta-feira.

No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes subia 0,15% nesta manhã, depois de atingir máximas em nove meses mais cedo. Contra peso mexicano, rand sul-africano e lira turca, divisas emergentes pares do real, a moeda norte-americana também apresentava ganhos.

Por aqui, "o otimismo no mercado financeiro acabou", disse à Reuters Vinicius Martins, gerente da Phi Investimentos. "O preço (do dólar) que estamos vendo faz jus ao momento do mercado e não há grandes indícios de melhora. Isso porque um alívio dependeria de vários fatores difíceis de serem resolvidos no curto prazo: a questão fiscal doméstica, principalmente com a aproximação das eleições, e o endurecimento da postura do Fed lá fora."

O esforço do governo brasileiro por mudanças nos pagamentos de precatórios e mais gastos com auxílio à população têm elevado as dúvidas dos agentes dos mercados sobre a capacidade do governo de respeitar seu teto fiscal, enquanto atrasos na votação do projeto que altera a cobrança do Imposto de Renda colaboram para a aversão a risco e volatilidade nos mercados domésticos, disse Martins.