Dólar tem forte queda ante real com otimismo global, mas tensões políticas mantêm cautela

Reuters

Publicado 02.06.2020 09:11

Atualizado 02.06.2020 10:10

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava em queda acentuada contra o real nesta terça-feira, devolvendo os ganhos da véspera em meio a otimismo global em relação a uma recuperação econômica, ainda que as tensões políticas em Brasília e nos Estados Unidos continuem no radar.

Às 10:06, o dólar recuava 1,30%, a 5,3141 reais na venda. Na mínima do dia, a divisa norte-americana foi a 5,2960 reais, queda de 1,64%

Na B3, o dólar futuro caía 1,05%, a 5,31855 reais.

O dólar à vista havia fechado o pregão da véspera em alta de 0,82%, a 5,3843 reais na venda.

A sessão desta terça-feira era marcada pelo apetite por risco no exterior, uma vez que a reabertura gradual das principais economias e a desaceleração da curva de contágio por Covid-19 na Europa e nos Estados Unidos elevavam as esperanças de recuperação ante a crise atual.

Outras divisas arriscadas mostravam movimento semelhante ao do real, acompanhando o sentimento otimista, com dólar australiano, peso mexicano, rand sul-africano e lira turca subindo com força ante a moeda norte-americana.

"Mesmo com (toda a inquietação social nos Estados Unidos), os investidores focam a atenção aos ciclos de reabertura e retomada da atividade econômica em diversas localidades e os possíveis efeitos no curto prazo, principalmente no verão do hemisfério norte", escreveram analistas da Infinity Asset.

Na maior economia do mundo, os investidores pareciam deixar de lado momentaneamente os protestos violentos em resposta ao assassinato de um homem negro por um policial branco, que vêm a assolando diversas cidades norte-americanas.

Mas, segundo a Infinity, a agitação política deve continuar no radar dos mercados no curto prazo, nos EUA e no Brasil. "Eis que novamente a política exerce poder sobre o mercado e, tanto aqui quanto nos EUA, deve ser o foco nas próximas semanas, devido ao imbróglio político local e à série de protestos que podem enfraquecer (o presidente dos EUA, Donald) Trump."

No Brasil, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), arquivou na noite de segunda-feira o pedido feito por partidos políticos para que o telefone celular do presidente Jair Bolsonaro fosse apreendido no âmbito do inquérito que investiga se ele tentou interferir politicamente na Polícia Federal, e fez um alerta ao presidente de que descumprir ordens judiciais implica em crime de responsabilidade.