Dólar tem leve alta com exterior, enquanto governo reafirma meta fiscal zero em 2024

Reuters

Publicado 16.11.2023 17:10

Atualizado 16.11.2023 17:25

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - Numa sessão marcada por certa volatilidade e liquidez menor, o dólar à vista fechou esta quinta-feira em leve alta no Brasil, acompanhando a variação da moeda norte-americana no exterior e após reagir, mais cedo, à indicação de que o governo Lula manterá a meta de resultado primário zero para 2024.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8706 reais na venda, em alta de 0,15%. Em novembro, a moeda acumula baixa de 3,37%.

Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:17 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,06%, a 4,8760 reais.

Na volta do feriado no Brasil, o dólar chegou a ensaiar novas perdas ante o real, após dados mais recentes sobre a economia norte-americana reforçarem a avaliação de que o Federal Reserve tende a manter sua taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50% no curto prazo, podendo ter espaço para iniciar o processo de cortes em 2024 mais cedo do que se imaginava.

Na terça-feira, o dólar já havia registrado queda firme ante o real após o Departamento do Trabalho divulgar números favoráveis sobre a inflação dos EUA. Na quarta-feira, com os mercados fechados no Brasil, o Departamento do Comércio dos EUA informou que as vendas no varejo caíram 0,1% em outubro, ante alta de 0,9% em setembro.

Já o Departamento do Trabalho informou, também na quarta-feira, que o índice de preços ao produtor para a demanda final (PPI, na sigla em inglês) caiu 0,5% em outubro, na maior queda desde abril de 2020.

Nesta quinta-feira foi a vez de o Departamento do Trabalho revelar que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 13.000 na semana encerrada em 11 de novembro, para 231.000 em dado com ajuste sazonal. Economistas consultados pela Reuters previam 220.000 pedidos para a última semana.

Em meio à expectativa de uma política monetária menos apertada nos EUA, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 4,8369 reais (-0,54%) às 10h53.

O recuo da moeda norte-americana era favorecido pelas notícias de que o governo manterá a meta de resultado primário zero para 2024, pelo menos por enquanto.

No fim da manhã, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, reforçou o compromisso com a meta, ao dizer que a equipe econômica mantém o objetivo trazer o déficit primário para patamar próximo de zero no próximo ano.

Também no fim da manhã, o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), deputado Danilo Forte (União-CE), disse que seu relatório trará meta de déficit primário zero em 2024 e que o governo mantém este objetivo para o ano que vem.

Apesar destes fatores baixistas, o dólar à vista retomou a força no início da tarde, com importadores aproveitando as cotações mais baixas para comprar moeda. Em comentário enviado a clientes, o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, pontuou que o dólar já atingiu o “objetivo primário” de 4,85 reais.

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“Podemos comprar (moeda) nesta taxa, que é um importante suporte desde 03 de agosto. A eventual perda deste suporte sugere queda para a região entre 4,75–4,80 reais”, disse.

A analista da Empiricus Research Laís Costa também destacou, em comentário a clientes, o suporte técnico recebido pelo dólar.

“O mercado tem vigiado o ponto de 4,84 reais como suporte importante para a construção de novas mínimas (apreciação do real frente ao dólar)”, disse. “Apesar da queda das estimativas de Selic terminal e das taxas de juros por toda a curva, a queda das taxas nos EUA tem aberto espaço para que o real continue se apreciando.”

Durante a tarde, com alguns agentes aproveitando as cotações para comprar dólares e com a divisa também ganhando um pouco de força no exterior, o dólar renovou máximas ante o real. No pico da sessão, às 13h44, a divisa à vista foi cotada a 4,8875 reais (+0,50%).

“De manhã, o dólar caiu bem, mas importadores apareceram comprando”, pontuou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. “A cotação deu uma acelerada acompanhando também a melhora do dólar lá fora. A moeda deu uma esticada, mas acabou voltando para a linha d’água (estabilidade)”, acrescentou.