Dólar tem maior queda semanal desde começo de junho, mas sob intensa volatilidade

Reuters

Publicado 24.07.2020 17:10

Atualizado 24.07.2020 17:56

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a volátil sessão desta sexta-feira em leve queda, depois de subir quase 0,8% mais cedo, com o vaivém nos preços da moeda seguindo um dia instável nos mercados internacionais, em meio a temores sobre as relações entre Estados Unidos e China.

O dólar à vista (BRBY) caiu 0,14%, a 5,207 reais na venda. Na semana, o dólar perdeu 3,26%, a mais forte desde a semana finda em 5 de junho. Em julho, a cotação recua 4,28%, mas ainda dispara 29,76% em 2020.

Na B3, o dólar futuro (DOLc1) rondava estabilidade, a 5,2140 reais, às 17h27.

No exterior, o dólar (=USD) bateu mínimas em quase dois anos, com avaliações de que a economia norte-americana pode perder ritmo em sua recuperação diante do aumento de casos de Covid-19 no país.

Esse temor voltou a pressionar as bolsas, além dos receios de potenciais impactos econômicos decorrentes de tensões EUA-China. O índice S&P 500 (SPX) da Bolsa de Nova York caiu 0,64%, segundo dados preliminares.

No mercado de moedas, o iene e o ouro --tradicionais ativos de refúgio-- tiveram firmes altas, com o metal mirando máxima recorde. Moedas emergentes e correlacionadas às commodities --como o real-- tiveram no geral um dia de debilidade.

O noticiário cauteloso no exterior corroborou a volatilidade do câmbio no Brasil. O dólar oscilou no dia entre alta de 0,76%, a 5,2541 reais, e queda de 1,03%, a 5,1609 reais.

Mais um integrante do Banco Central falou sobre a instabilidade nas cotações nesta sexta-feira. O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou que a volatilidade cambial incomoda e está sendo estudada pela autoridade monetária, mas que há entendimento de que os instrumentos dos quais o BC dispõe não são adequados para atuar nesse sentido.

O IPCA-15 de julho, divulgado nesta sexta e que veio abaixo do esperado, também foi citado como elemento a embaralhar os movimentos do câmbio, uma vez que deu argumentos para quedas nas taxas de juros futuros negociadas na B3 <0#DIJ:> --movimento que, em tese, reflete mais apostas de cortes da Selic.

As sucessivas reduções no juro básico da economia foram citadas por muito tempo como razão para a maior pressão sobre o dólar, uma vez que diminuíram o retorno da renda fixa doméstica e deixaram o Brasil em desvantagem em termos de "yield" quando comparado a seus pares emergentes --prejudicando o cenário para fluxos.

Para Ivo Chermont, sócio e economista-chefe da gestora Quantitas, "alguma suspeita" de que a volatilidade do câmbio esteja relacionada ao nível de juros pode fazer com que o Banco Central pare de cortar a Selic depois de um afrouxamento monetário de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, em agosto.

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