Dólar tem maior tombo diário em mais de 4 anos ante real após 1° turno das eleições

Reuters

Publicado 03.10.2022 17:09

Atualizado 03.10.2022 18:10

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar desabou 4% e marcou sua maior baixa percentual diária em mais de quatro anos nesta segunda-feira, depois que um resultado mais apertado do que o esperado no primeiro turno das eleições presidenciais melhorou a perspectiva de investidores sobre a agenda econômica e fiscal do próximo governo do país.

A moeda norte-americana à vista despencou 4,02%, a 5,1770 reais, em sua maior queda percentual diária desde o recuo de 5,6% visto em 8 de junho de 2018. Na ocasião, a divisa norte-americana foi abatida por intervenção do Banco Central no câmbio e teve seu tombo mais expressivo desde outubro de 2008.

Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:20 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 4,20%, a 5,2020 reais.

No menor patamar da sessão, o dólar caiu 4,46%, a 5,1537 reais, nível que não era visto desde o último dia 22.

Com o desempenho desta segunda-feira, o dólar aprofundou suas perdas no ano para mais de 7%. Até sexta-feira passada, a moeda acumulava baixa de apenas 3,2%.

O desabamento da divisa norte-americana foi acompanhado de disparada de mais de 5% do Ibovespa e forte queda dos juros futuros, em performance que fez dos ativos brasileiros destaque positivo no mundo. O real ostentou durante todo o pregão a posição de divisa com o melhor desempenho entre uma cesta de pares globais do dólar.

Guilherme Esquelbek, analista da Correparti Corretora, citou amplo movimento de desmonte de posições defensivas depois que o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) teve um desempenho acima do estimado pelas principais pesquisas de opinião no primeiro turno de domingo. Agora, ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputarão uma tensa segunda rodada.

Além disso, vários candidatos declaradamente bolsonaristas conquistaram cadeiras no Senado, enquanto, na Câmara dos Deputados, o PL, partido do atual presidente da República, consolidou a posição de maior bancada da Casa.

Os mercados entenderam esse resultado como um forte obstáculo à governabilidade de eventual administração de Lula --um alento para investidores temerosos sobre a promessa de campanha do petista de abandonar a regra do teto de gastos caso seja eleito.