Reuters
Publicado 09.10.2020 17:16
Atualizado 09.10.2020 17:35
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caiu nesta sexta-feira e acumulou a primeira queda semanal depois de um mês, com as operações domésticas espelhando a fraqueza da moeda norte-americana no exterior, em dia positivo para ativos de risco no mundo por renovadas esperanças de estímulo fiscal nos Estados Unidos.
O dólar à vista recuou 1,12%, a 5,5268 reais na venda. Ao longo do pregão, a divisa oscilou entre 5,5846 reais (-0,08%) e 5,511 reais (-1,40%).
Na semana, a cotação cedeu 2,47%, depois de quatro semanas consecutivas de ganhos, período em que subiu 6,76%. É a primeira queda semanal do dólar desde a semana finda em 4 de setembro (-1,99%) e a mais intensa desde os cinco dias terminados em 28 de agosto (-3,41%).
Em outubro, o dólar recua 1,64%. Em 2020, a moeda salta 37,73%.
O real teve o segundo melhor desempenho global nesta sessão, em que o dólar recuou frente a 31 dentre 33 pares. O índice do dólar contra uma cesta de seis rivais caía 0,54% no fim da tarde, para o menor patamar em três semanas.
Investidores seguiram otimistas com chances de algum acordo sobre mais estímulos nos Estados Unidos, ainda que as negociações desta sexta entre a presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, tenham fracassado.
Os mercados emergentes, como o Brasil, podem mostrar desempenhos melhores à frente, apontaram analistas do Barclays (LON:BARC), segundo os quais investidores estariam dispostos a colocar "dinheiro para trabalhar" conforme crescem perspectivas de uma eleição não contestada nos EUA.
"Enquanto isso, há sinais iniciais de uma melhora da crise de saúde em algumas partes do bloco emergente, visto que os casos de Covid-19 parecem ter atingido o pico em alguns dos países afetados, como Índia e Brasil", disseram.
O Barclays, contudo, ainda vê o real aquém de alguns de seus pares. "Permanecemos comprados em peso mexicano contra real e peso chileno", afirmaram. O real cai 18,7% ante o peso mexicano em 2020.
As agendas de mercado indicam um noticiário político brando na próxima semana, mas sem tirar as atenções ao Renda Cidadã. "Adicionalmente, vale notar a intenção --recém afirmada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia-- de avançar com os debates em torno da PEC Emergencial", disse o Itaú Unibanco em nota.
Do lado macro, na semana que vem o IBGE divulga os números do setor de serviços (na quarta) e o IBC-Br (na quinta), ambos de agosto.
"Os dados da pesquisa de serviços deverão mostrar crescimento no mês... O IBC-Br do período, ao trazer uma proxy agregada para o crescimento do PIB, deverá reforçar a leitura de atividade econômica forte", afirmou o Bradesco (SA:BBDC4) em nota.
A semana positiva para o real no agregado ocorreu em meio à divulgação de dados recordes no varejo brasileiro em agosto, bem como o primeiro crescimento da atividade de serviços (medida pelo PMI) após seis meses de retração.
Escrito por: Reuters
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