Dólar tem queda ante real de olho em PEC Emergencial e intervenção do BC

Reuters

Publicado 11.03.2021 09:20

Atualizado 11.03.2021 10:15

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava em queda contra o real na manhã desta quinta-feira, em sessão marcada pela votação em segundo turno da PEC Emergencial na Câmara dos Deputados e intervenção do Banco Central nos mercados de câmbio, enquanto os agentes do mercado reagiam a dados sobre a inflação doméstica.

Às 10:09, o dólar recuava 0,90%, a 5,6034 reais na venda, enquanto o dólar futuro negociado na B3 perdia 1,15%, a 5,6125 reais.

A Câmara dos Deputados concluiu nesta madrugada a votação em primeiro turno da PEC Emergencial, com alterações, caso da retirada de trecho que previa desvinculação de recursos da Receita em caso de crise fiscal. O segundo turno das discussões acontecerá ainda nesta quinta-feira.

A PEC estabelece condições para a concessão do auxílio financeiro em um montante de até de 44 bilhões de reais por fora das regras fiscais em 2021 e também traz gatilhos a serem acionados para conter despesas públicas.

"A aprovação da PEC Emergencial, preservando os gatilhos propostos pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, evitando um potencial risco fiscal no curto prazo, associada a atuação proativa do Banco Central no mercado de câmbio e ainda uma agenda menos carregada no Legislativo," foi citada por Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora, como fator de alívio para a taxa de câmbio doméstica.

O Banco Central fez nesta quinta-feira nova oferta líquida de contratos de swap cambial tradicional, voltando a disponibilizar até 1 bilhão de dólares nesses derivativos. O BC vendeu o lote total de até 20 mil contratos distribuídos entre os vencimentos 1º de junho de 2021 e 1º de dezembro de 2021.

A autarquia também fará neste pregão leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em junho e dezembro de 2021.

O dólar à vista já cedeu muito terreno desde que se aproximou do patamar de 5,88 reais nas máximas intradiárias de terça-feira. A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin de anular condenações impostas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o principal catalisador para uma forte aversão a risco vista nos mercados domésticos no início da semana.

Apesar do susto inicial, "o episódio Lula não deverá ser tema importante nesse primeiro semestre e, na medida em que as eleições ainda estão longe, é difícil para o mercado, nesse momento, operar o que poderá acontecer no futuro distante", comentou Gomes da Silva.

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Enquanto isso, os investidores domésticos reagiam à notícia de que o IPCA disparou a uma alta de 0,86% em fevereiro, ante 0,25% no mês anterior, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE.

A alta da inflação colaborava para as expectativas dos investidores em torno da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, com apostas de que a instituição possa elevar o patamar dos juros básicos.

"Mesmo com a atividade econômica fraca, a elevação dos preços contribuirá para que o Banco Central considere a elevação da taxa de juros antes do que se esperava a fim de manter o nível de preços", explicou em comentários Matheus Jaconeli, economista da Nova Futura Investimentos. "A fragilidade fiscal e o risco percebido em relação ao Brasil também afetam a decisão da autoridade monetária."

A redução sucessiva da taxa Selic até o patamar atual de 2%, sua mínima histórica, foi um dos fatores que colaborou para as fortes perdas apresentadas pelo real ao longo do último ano, segundo a maioria dos analistas. A elevação da taxa pode ampliar o diferencial de juros entre o Brasil e outros países, tornando os rendimentos locais mais atraentes e possivelmente aumentando a entrada de capital estrangeiro.