Dólar vai à mínima desde fim de março, mas analistas seguem cautelosos com o câmbio

Reuters

Publicado 03.06.2020 17:09

Atualizado 03.06.2020 17:41

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tornou a registrar forte queda nesta quarta-feira, a nona em 11 sessões, e chegou a operar na casa de 5,01 reais na mínima do dia, com a moeda brasileira mais uma vez na dianteira de ganhos nos mercados globais de câmbio em nova sessão de destacado apetite por risco.

O dólar à vista fechou em queda de 2,38%, a 5,0862 reais na venda. É o menor patamar para um encerramento desde o último dia 26 de março (4,9957 reais).

Na mínima, a cotação desceu a 5,0170 reais, baixa de 3,71%.

Na B3, o dólar futuro recuava 2,45%, a 5,0850 reais, às 17h03.

O tom positivo voltou a dar a tônica nos mercados financeiros globais nesta sessão, com dados melhores nos EUA e na China referendando expectativas de que o pior da crise econômica causada pelo coronavírus tenha ficado para trás.

O dólar teve nova queda ante outras moedas, e divisas emergentes experimentaram novo rali. Nos mercados de ações, o Ibovespa saltou acima dos 93 mil pontos, e o índice Nasdaq Composite de Wall Street fechou mais perto da máxima recorde de fevereiro.

A notícia de emissão de dívida soberana no mercado internacional pelo Tesouro Nacional endossou leitura de que há demanda por ativos brasileiros. Isso reforça a venda de dólares num contexto em que o real ainda é tido como uma moeda "descontada" em relação a seus pares, o que respalda a correção recente na taxa de câmbio.

Além disso, o fluxo cambial ao Brasil tem melhorado nas últimas semanas, com o aumento da oferta de dólar dando saída para investidores que buscam reduzir posições contrárias ao real, movimento que alimenta a perda de valor da moeda dos EUA.

"A valorização do real é uma volta do exagero", disse Daniel Tatsumi, gestor de moedas da ACE Capital, dizendo que a piora do real lá atrás foi 10% além da sugerida por um modelo com o qual trabalha.

"Acho melhor ser prudente agora sobre montar posições compradas em dólar, mas está fora de cogitação posição vendida (em dólar)", disse, apontando que o cenário de médio prazo para o real ainda parece negativo.