Dólar descola de exterior e sobe ante real com noticiário doméstico amparando ajuste

Reuters

Publicado 19.05.2020 17:13

Atualizado 19.05.2020 19:20

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta ante o real nesta terça-feira, perto das máximas do dia e com a moeda brasileira na contramão dos mercados globais de câmbio, conforme investidores recompuseram posições um dia após a cotação sofrer a maior queda do mês.

O dólar à vista fechou em alta de 0,67%, a 5,7609 reais na venda, depois de na véspera cair 2%.

Ao longo da sessão, a moeda oscilou entre queda de 0,69% (para 5,683 reais) e valorização de 0,75% (a 5,7653 reais).

Na B3, o dólar futuro ganhava 0,59%, a 5,7595 reais, às 17h45.

Expectativas cada vez piores para a economia, perspectiva de juros nas mínimas históricas e falta de visibilidade para a volta dos debates sobre reformas econômicas mantêm o real pressionado.

O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, afirmou nesta terça-feira que a contração do Produto Interno Bruto (PIB) este ano pode ser maior que 5%. O Goldman Sachs revisou para queda de 7,4% a estimativa para o desempenho do PIB neste ano (frente a -4,6% antes) e cita que o aumento de preocupações de ordem política e fiscal deve agravar a recessão.

"Além disso, o governo federal e as autoridades locais continuam discordando quanto ao escopo e à intensidade das medidas para lidar com a crise da saúde pública. Nesta fase, não está claro quando a curva viral atingirá o pico", disse o banco, acrescentando que o Brasil é um dos epicentros globais do Covid-19.

No fim da tarde, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que, sem dúvida, o Brasil está tendo problemas com o coronavírus e que está considerando impor restrição de viagem a passageiros do país.

O menor apelo do real é percebido em pesquisa do Bank of America com gestores. A fatia dos que acreditam que a moeda brasileira terá desempenho melhor nos próximos seis meses caiu para "apenas" 19% na sondagem deste mês, ante 46% na do mês passado. Uma parcela de 60% vê a economia retraindo mais de 5% neste ano.

O mercado começou o dia alvoroçado com incertezas sobre se haveria negociações na B3 nos próximos dias, devido à antecipação de feriados na cidade de São Paulo. Ao longo da sessão, as instituições e o Banco Central divulgaram notas separadamente e, no fim, ficou confirmado que os principais bancos brasileiros e a B3 funcionarão normalmente nesta semana.