Fuga para segurança no exterior impulsiona dólar contra real

Reuters

Publicado 15.04.2020 09:14

Atualizado 15.04.2020 10:15

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - A volta do clima pessimista nos mercados internacionais impulsionava o dólar contra o real na manhã desta quarta-feira, com uma recessão global iminente -- consequência da pandemia de coronavírus -- levando a uma fuga para ativos seguros.

Às 10:00, o dólar avançava 1,42%, a 5,2645 reais na venda. Na máxima do dia, a divisa norte-americana tocou 5,265 reais.

Na B3, o dólar futuro de maior liquidez era negociado em alta de 1,91%, a 5,266 reais.

"Estamos naquele momento de entender que o fato é mais complicado do que se pensava, no que se trata de economia", disse à Reuters Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset, referindo-se à pandemia de coronavírus.

"Teve um pouco de calmaria nos últimos dias, mas estimativas de ontem do FMI mostram uma recessão bem forte à frente. Os mercados estão refletindo essa incerteza, essa angústia."

Na terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que economia global deve encolher 3,0% em 2020, em um impressionante colapso da atividade impulsionado pelo novo coronavírus, que marcará a pior recessão desde a Grande Depressão da década de 1930.

No mundo todo, as evidências do impacto devastador do Covid-19 levavam a uma fuga para a segurança, o que impulsionava o dólar -- a moeda mais líquida do mundo -- contra pares emergentes ou ligados a commodities. Rand sul-africano, peso mexicano, lira turca e dólar australiano, pares do real, caíam entre 1% e 3% contra a divisa norte-americana.

Além do cenário internacional, os investidores também estavam atentos ao cenário político doméstico, depois que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, avisou sua equipe na noite de terça-feira que deve ser demitido pelo presidente Jair Bolsonaro até o final desta semana.

"O noticiário mais confuso, por causa da política, afeta as expectativas. Os governantes não se entendem e isso afeta o preço dos ativos", comentou Denilson Alencastro.