Société Générale ainda vê dólar a R$6 e apenas "adiamento" de ciclo de baixa para moedas emergentes

Reuters

Publicado 07.12.2020 15:34

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O Société Générale (PA:SOGN) ainda aposta que o dólar baterá 6 reais, com pressão cambial advinda de expectativa de desaceleração no crescimento econômico brasileiro, deterioração nos cenários fiscal e de dívida e de juros baixos.

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O banco francês iniciou aposta pró-dólar com a moeda a 5,22 reais, com meta de 6,0 reais e "stop loss" em 4,9 reais.

A perspectiva do banco francês contrasta com o recente desempenho do real, que, em alta de 12,4% desde 3 de novembro, ostenta a melhor performance entre as principais divisas globais desde as eleições presidenciais norte-americanas.

O banco avalia que há "crescentes" riscos de outra desaceleração econômica no país no primeiro semestre de 2021 por causa de uma "segunda onda de Covid-19 ". Os analistas classificam o noticiário sobre as vacinas como "positivo", mas dizem que pode levar tempo até que alguma esteja disponível e que a população seja vacinada.

"No Brasil, os casos de coronavírus estão crescendo de novo, e o risco de as contas fiscais continuarem se deteriorando para evitar uma forte desaceleração econômica provavelmente manterá o real sob pressão", afirmaram em relatório de cenários para o câmbio global em 2021.

O Société Générale projeta que a dívida como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) deverá continuar a aumentar e alcançar cerca de 100% no ano que vem.

Ao mesmo tempo, o banco acredita que o Banco Central manterá baixas as taxas de juros, o que não daria um "colchão" aos investidores.

O Société calcula que o dólar fechará o primeiro trimestre de 2021 em 5,7 reais, alta de 11,2% ante o fechamento anterior (5,1251 reais). Ao fim dos trimestres seguintes, a moeda ficará em 5,6 reais, 5,7 reais e 5,8 reais, respectivamente.

Num contexto mais amplo, o banco francês considera que o ciclo de baixa de longo prazo para as moedas emergentes ainda não acabou, mas terá um "adiamento" em 2021.