Stablecoin do PayPal provavelmente terá sucesso onde Libra do Facebook fracassou

Reuters

Publicado 21.08.2023 11:20

Por Hannah Lang

WASHINGTON (Reuters) - É provável que a stablecoin do PayPal (NASDAQ:PYPL) tenha sucesso onde o Facebook (NASDAQ:META) falhou, graças à posição do gigante dos pagamentos em Washington e à maior compreensão dos políticos sobre os problemas do setor nos últimos três anos.

O PayPal anunciou este mês o lançamento do PayPal USD, um ativo digital atrelado ao dólar, tornando-se a segunda grande empresa global a lançar uma stablecoin depois do Facebook, da Meta, que anunciou a Libra em junho de 2019.

O anúncio do PayPal, que ocorre em um momento em que a empresa de pagamentos faz a transição para um novo presidente-executivo nomeado semana passada, parece arriscado depois que a stablecoin do Facebook foi esmagada pela oposição política e conforme reguladores se debruçam sobre o setor após vários colapsos de empresas de moedas digitais.

O PayPal está em uma posição mais forte do que o Facebook, afirmam ex-funcionários, executivos e analistas. As autoridades de política monetária estão mais familiarizadas com as stablecoins, ativos digitais normalmente atrelados a uma moeda fiduciária, do que em 2019. Um esforço para criar regulamentos federais de stablecoin também ajudou a aumentar a legitimidade dos produtos aos olhos dos formuladores de políticas.

"O mundo mudou drasticamente desde a Libra, do Facebook. Não havia nenhuma familiaridade com as stablecoins na época", disse Christopher Giancarlo, ex-presidente da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos Estads Unidos (CFTC, na sigla em inglês).

“Desde então, governo, Congresso e Fed tiveram tempo para pensar sobre as stablecoins e sua regulamentação e houve extensas relações públicas da indústria, incluindo muito lobby.”

Em contraste com o Facebook, o PayPal é um operador financeiro estabelecido em Washington. A empresa gastou 1,13 milhão de dólares em lobby federal no ano passado, de acordo com o OpenSecrets, e faz lobby em criptomoedas há vários anos, mostram os registros.

“Do ponto de vista político, há uma diferença marcante entre a Libra do Facebook e a stablecoin do PayPal”, disse Isaac Boltansky, diretor de pesquisa de políticas da corretora BTIG. “Ainda há um muro entre o setor bancário e o comércio, portanto, saber que o PayPal está claramente de um lado desse muro deve tranquilizar os legisladores.”

PayPal e Meta não comentaram o assunto.

O PayPal USD será emitido pela Paxos Trust e será respaldado por depósitos em dólares e títulos do Tesouro dos EUA. A stablecoin também estará sujeita à supervisão do Departamento de Serviços Financeiros do Estado de Nova York.

O PayPal lançou a stablecoin porque se vê como líder em inovação de pagamentos, disse uma fonte familiarizada com o plano, e o presidente-executivo, Dan Schulman, disse que prevê que eventualmente ela será usada para pagamentos. Mas a empresa espera que a stablecoin seja usada principalmente por clientes dos EUA para comprar e vender outros ativos em sua plataforma, disse a fonte.

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GRANDES AMBIÇÕES

Certamente, algumas autoridades de política monetária estão preocupadas. Maxine Waters, a principal democrata no comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA, expressou preocupação com o lançamento de uma stablecoin do PayPal sem supervisão federal para proteger os consumidores e a estabilidade financeira. Mas a reação em Washington tem sido contida.

Quando o Facebook lançou a Libra, uma stablecoin cujas operações foram inicialmente baseadas na Suíça e que estava atrelada a uma cesta de moedas, os executivos não esconderam suas ambições. Eles disseram que queriam revolucionar o sistema financeiro global.

O projeto enfrentou forte oposição de autoridades de política monetária alarmadas de que a Libra poderia dar ao Facebook muito controle sobre o sistema monetário global e infringir a privacidade dos usuários.

O Facebook então rebatizou a Libra, recuou com os planos e transferiu o projeto para os EUA, na tentativa de obter aprovação regultória.

Mas, de acordo com um ex-funcionário com conhecimento direto do assunto, a decisão de aprovar a Libra coincidiu com a transição para o governo do presidente norte-americano, Joe Biden, em janeiro de 2021. Embora o Fed estivesse trabalhando na questão há algum tempo, a decisão acabou caindo para a secretária do Tesouro, Janet Yellen, que queria tempo para analisar o assunto.