Surpresa positiva no PIB do 1° tri apoia mercados e desencadeia revisões em estimativas para 2023

Reuters

Publicado 01.06.2023 12:07

Atualizado 01.06.2023 12:31

Por Luana Maria Benedito e Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O resultado mais forte do que o esperado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre deste ano dava sustentação aos ativos locais nesta quinta-feira, ao mesmo tempo que desencadeava revisões para cima nas estimativas de crescimento deste ano, enquanto investidores continuam deliberando sobre os próximos passos da política monetária do Banco Central.

O PIB cresceu 1,9% no primeiro trimestre na comparação com os três meses anteriores, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE, superando estimativas de economistas consultados pela Reuters de avanço de 1,3%. A leitura marcou o melhor resultado para a atividade desde o final de 2020, refletindo o desempenho mais forte do setor agrícola em quase três décadas.

Na esteira dos dados, às 11:46 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,48%, a 5,0477 reais na venda. Na B3 (BVMF:B3SA3), às 11:46 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,21%, a 5,0750 reais.

Ao mesmo tempo, o Ibovespa subia 0,34%, a 108.699,28 pontos.

Embora a valorização dos ativos locais refletisse, em parte, um clima mais ameno no exterior após a aprovação de um acordo para suspender o teto da dívida norte-americana na Câmara dos Deputados dos EUA, muitos operadores também citaram efeito da surpresa positiva na atividade econômica brasileira.

"O mercado deve reagir de forma positiva, especialmente a bolsa, visto que sofreu ajuste negativo nos últimos dias e uma expectativa de crescimento maior atrai investimento para Brasil", explicou Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.

E expectativa de crescimento maior parecia consenso nos mercados nesta sessão, com muitas instituições revisando para cima suas projeções oficiais para o PIB do ano inteiro.

"Dadas as revisões de dados e a surpresa positiva do primeiro trimestre, nossa previsão de crescimento real do PIB em 2023 subiu para 2,6% (de 1,75%)", disse em relatório Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs (NYSE:GS).

A Capital Economics revisou sua estimativa de expansão do PIB neste ano para 2,3%, contra 1,0%, enquanto o Credit Suisse (SIX:CSGN) subiu seu prognóstico a 2,1%, de 1,3% antes.

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, disse que o banco deve revisar sua projeção de crescimento do PIB de 2023 de 1,5% para "algo próximo de 2%", enquanto Felipe Kotinda, economista do Santander (BVMF:SANB11) Brazil, disse que o credor provavelmente também melhorará seus prognósticos.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

A MB Associados, que também elevou sua estimativa de crescimento do PIB de 1,3% para 2,1% nesta quinta-feira, ressaltou os riscos positivos em torno das projeções já melhoradas.

"Para crescer 2,1% teríamos que ter uma recessão em todo o restante do ano. Não parece ser o caso em um momento de discussão de início de queda de juros no segundo semestre, inflação desacelerando e mercado de trabalho dando sinais ainda fortes até abril... Há chances reais de revisões serem feitas para cima, e um PIB que no começo do ano parecia perdido conseguirá reverter a tendência por conta das commodities", disse a consultoria em relatório.

Luís Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners, alertou que a concentração do resultado do PIB no setor agropecuário coloca em dúvida a sustentação deste movimento de expansão ao longo de 2023, mas ainda revisou a projeção de crescimento de 2023 de 1,5% para 2,3%.

"Ou seja, foi um 'pibão' com gosto de 'pibinho', mas que já garante um 'pibão' para 2023", disse o economista.

Enquanto o mercado digere a atividade mais robusta do que o esperado, deve começar a se questionar sobre seus efeitos na trajetória de política monetária do Banco Central.

"Notadamente, o sobreaquecimento da atividade reforça nossa perspectiva pressionada de inflação, a redução da sensibilidade da economia à restrição de política monetária e, consequentemente, a sustentação da Selic em 13,75% por tempo suficientemente prolongado, que julgamos ser até abril de 24", disse Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

Ainda assim, nos mercados futuros de juros, a maioria dos operadores continuava precificando cortes da Selic a partir do segundo semestre, com as apostas para uma primeira redução divididas entre agosto e setembro.

Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.

Sair
Tem certeza de que deseja sair?
NãoSim
CancelarSim
Salvando Alterações