Aras defende regularização fundiária para dar segurança a investidores

Reuters

Publicado 23.05.2022 18:51

Por Ricardo Brito e Anthony Boadle

BRASÍLIA (Reuters) - O procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu a aprovação pelo Congresso de uma proposta de regularização fundiária, uma das bandeiras do presidente Jair Bolsonaro, como forma de garantir segurança jurídica a investidores brasileiros e estrangeiros no setor do agronegócio.

Em entrevista exclusiva à Reuters, Aras disse que não há efetivo suficiente da Polícia Federal e das Forças Armadas para combater ações ilegais na Amazônia, e defendeu a aprovação do projeto de regularização das terras.

"Nós precisamos muito dessa regularização fundiária, porque ela é o que desejam os investidores nacionais e estrangeiros para trazer recursos ao Brasil e financiar o agronegócio naquela área que não atinge biomas. Ou seja, ninguém aqui está ameaçando bioma nenhum, pelo contrário, mas para isso é preciso que o investidor tenha a garantia da terra. Sem regularização da terra, não tem garantia, a garantia dos investimentos econômicos é a terra", disse.

Com apoio do governo, uma proposta de regularização fundiária foi aprovada pela Câmara dos Deputados em agosto do ano passado e tramita no Senado no momento. O texto prevê um aumento do tamanho das terras da União passíveis de ser regularizadas sem vistoria prévia, bastando a análise de documentos e de declaração do ocupante de que segue a legislação ambiental.

Entretanto, não há sinais de que deve avançar no Senado em meio a um ano eleitoral.

Presentes na entrevista, integrantes da PGR que auxiliam os trabalhos de Aras apontaram outras dificuldades para a área.

A coordenadora da Câmara da PGR sobre Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais, a subprocuradora-geral Eliana Torelly disse que o grupo que coordena analisa todos os anos o orçamento da Funai e do Incra, e que ele tem caído bastante há vários anos. Segundo ela, sempre há pedidos de recomposição orçamentária, mas que acabam não sendo atendidos.

O secretário de Cooperação Internacional da PGR, subprocurador-geral Hindemburgo Chateaubriand, disse que há interesses na disputa pelo orçamento, o que prejudica e interfere em questões importantes.