Cade restringe atuação de Ambev e Heineken até o final da Copa do Mundo

Reuters

Publicado 23.09.2022 12:25

Atualizado 23.09.2022 19:30

Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) -O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou que a Ambev (BVMF:ABEV3) não assine novos contratos de exclusividade com bares, restaurantes e casas de espetáculos até o final da Copa do Mundo, em decisão que também se estende parcialmente à rival Heineken, segundo despacho no Diário Oficial da União desta sexta-feira.

A medida preventiva, assinada pelo conselheiro Gustavo Augusto Freitas de Lima e datada da véspera, vem após recurso da Heineken sobre a postura da rival no mercado de pontos de vendas "premium".

A Ambev disse que recebeu com "total surpresa a decisão monocrática divulgada especialmente depois da Superintendência-Geral do Cade ter concluído que não havia qualquer evidência para impor medida preventiva". A empresa afirmou ainda que tomará as medidas cabíveis.

A medida preventiva também se estende à Heineken, mas apenas dentro das unidades da federação nas quais a empresa possua 20% ou mais da fatia de mercado, com base no volume de cerveja vendida em 2021.

A Heineken defendeu a decisão do Cade, afirmando que a medida "estabelece a proibição da celebração de novos contratos de exclusividade e limita os já existentes da representada (Ambev) em todo o território nacional, assim como estabelece para o grupo Heineken em determinadas regiões".

Segundo a companhia de origem holandesa, a medida "representa uma mensagem positiva e um primeiro passo fundamental para a abertura do mercado" e demonstra reconhecimento do Cade do que a empresa classificou como "malefícios das práticas abusivas de exclusividade para o setor".

O Cade disse no despacho que o descumprimento da medida implicará multa de 1 milhão de reais por estabelecimento excedente e potencial suspensão de todos os programas de exclusividade em todo o país por cinco anos. O órgão disse que a Heineken está sujeita às mesmas penalidades da Ambev.

O Cade ainda impôs outras restrições, como a limitação dos contratos de exclusividade a 20%, "apurados por número de pontos de venda e por volume de cerveja malte", escreveu Lima.