Egito cria área na fronteira de Gaza que poderia ser usada para abrigar palestinos, dizem fontes

Reuters

Publicado 16.02.2024 08:13

(Reuters) - O Egito está preparando uma área na fronteira de Gaza que poderia acomodar os palestinos, caso uma ofensiva israelense em Rafah provoque um êxodo através da fronteira, disseram quatro fontes, no que descreveram como uma ação de contingência do Cairo.

O Egito, que negou ter feito tais preparativos, tem repetidamente dado o alarme sobre a possibilidade de que a devastadora ofensiva israelense em Gaza possa deslocar os palestinos para o Sinai - algo que, segundo o Cairo, seria completamente inaceitável - ecoando os avisos de Estados árabes como a Jordânia.

Os Estados Unidos disseram várias vezes que se oporiam a qualquer deslocamento de palestinos para fora de Gaza.

Uma das fontes afirmou que o Egito está otimista quanto às negociações para conseguir um cessar-fogo que possa evitar esse cenário, mas está estabelecendo a área na fronteira como uma medida temporária e preventiva.

Três fontes de segurança disseram que o Egito havia começado a preparar uma área deserta com algumas instalações básicas que poderiam ser usadas para abrigar palestinos, enfatizando que essa era uma medida de contingência.

As fontes com as quais a Reuters conversou para esta matéria não quiseram ser identificadas devido à sensibilidade do assunto.

Israel disse que montará uma ofensiva para derrubar o "último bastião" do Hamas em Rafah, onde mais de 1 milhão de palestinos buscaram refúgio da devastadora ofensiva em Gaza.

Israel afirma que seu Exército está elaborando um plano para retirar os civis de Rafah para outras partes da Faixa de Gaza.

Mas o chefe de ajuda da ONU, Martin Griffiths, disse na quinta-feira que era uma "ilusão" pensar que as pessoas em Gaza poderiam sair para um local seguro e alertou sobre a possibilidade de os palestinos se espalharem pelo Egito se Israel lançar uma operação militar em Rafah.

Ele chamou esse cenário de "uma espécie de pesadelo egípcio".

O Egito enquadrou sua oposição ao deslocamento dos palestinos de Gaza como parte da rejeição árabe mais ampla de qualquer repetição da "Nakba", ou "catástrofe", quando cerca de 700.000 palestinos fugiram ou foram forçados a deixar suas casas na guerra que cercou a criação de Israel em 1948.

A primeira fonte disse que a construção do campo começou há três ou quatro dias e que ele ofereceria abrigo temporário em qualquer cenário de pessoas cruzando a fronteira "até que se chegue a uma solução".

Questionado sobre os relatos das fontes, o chefe do Serviço de Informações do Estado do Egito declarou: "Isso não tem base na verdade. Nossos irmãos palestinos disseram e o Egito disse que não há preparação para essa possibilidade".

A Fundação Sinai para os Direitos Humanos, uma organização ativista, publicou imagens na segunda-feira que, segundo ela, mostravam caminhões de construção e guindastes trabalhando na área e imagens de barreiras de concreto.

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Citando uma fonte não identificada, a Fundação Sinai disse que o trabalho de construção tinha como objetivo criar uma área segura no caso de um êxodo em massa de palestinos.