Filme no Festival de Berlim apresenta experiência de hipopótamo com colonialismo

Reuters

Publicado 20.02.2024 14:54

BERLIM (Reuters) - A história de Pepe, um hipopótamo do zoológico particular do traficante colombiano Pablo Escobar, inspirou o diretor dominicano Nelson Carlo de los Santos Arias a fazer um filme que refletisse sobre o impacto do colonialismo, disse ele.

O hipopótamo, um dos muitos animais selvagens mantidos na propriedade particular de Escobar, escapou para a zona rural dos arredores e viveu lá por muitos anos após a morte do chefão das drogas em 1993.

"Eu estava interessado em todo o simbolismo e em tudo o que emana dessa história... e isso me fez pensar sobre o deslocamento", disse o diretor.

"Pepe", com estreia no Festival de Cinema de Berlim nesta terça-feira, conta a história a partir da perspectiva do hipopótamo, fornecendo à criatura uma série de vozes multilíngues. O filme mostra a juventude de Pepe, que fala africâner na Namíbia, e sua morte como falante de espanhol nas mãos de um caçador alemão na Colômbia, muitos anos depois.

"Pepe é quase um filósofo decolonial", disse o diretor, observando que o filme começa no contexto histórico do apartheid. Ele descreveu o monólogo de Pepe como "uma espécie de poesia" sobre sua situação.

Durante todo o tempo, Pepe vive de acordo com os termos de outras pessoas: apresentando-se para um grupo de turistas alemães na Namíbia, facilitando a megalomania de Escobar, servindo como o monstro da imaginação dos moradores locais da Colômbia e, finalmente, tornando-se um troféu para um caçador alemão chamado para abater um animal considerado uma espécie invasora.