Lula anuncia aporte brasileiro para UNRWA e defende Estado palestino soberano

Reuters

Publicado 15.02.2024 11:32

Atualizado 15.02.2024 12:45

Por Lisandra Paraguassu

(Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que o Brasil fará uma nova doação para a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA), no momento em que vários países, como os Estados Unidos, decidiram cortar fundos para a organização.

Lula disse ainda, em discurso na sede da Liga Árabe, no Cairo, que o Brasil mantém sua defesa da existência de um Estado palestino soberano e sua admissão como membro pleno da ONU.

"O governo brasileiro fará novo aporte de recursos para a UNRWA. Exortamos todos os países a manter e reforçar suas contribuições", disse o presidente, sem mencionar valores.

Lula chamou de "desumanidade e covardia" a suspensão de aportes dos países ricos à agência, anunciada depois que Israel acusou a agência de acobertar funcionários que atuariam para o Hamas.

"No momento em que o povo palestino mais precisa de apoio, os países ricos decidem cortar a ajuda humanitária à Agência da ONU para os Refugiados da Palestina (UNRWA). As recentes denúncias contra funcionários da agência precisam ser devidamente investigadas, mas não podem paralisá-la", disse Lula.

"Refugiados palestinos na Jordânia, na Síria e no Líbano também ficarão desamparados. É preciso pôr fim a essa desumanidade e covardia. Basta de punição coletiva", acrescentou.

Israel acusa 13 funcionários da UNRWA de terem participado dos ataques do Hamas a Israel em outubro, e apresentou um dossiê acusando 190 funcionários da agência de ligações com o grupo militante. As acusações levaram os 10 principais doadores -- como os Estados Unidos, o principal doador -- a suspenderem recursos para agência.

A falta de dinheiro pode suspender toda a operação da UNRWA no final deste mês, segundo seus dirigentes.

Lula também voltou a criticar a resposta militar de Israel em Gaza. Reafirmando que o ataque do Hamas ao país é indefensável e foi duramente criticado pelo Brasil, o presidente classificou a resposta de Israel de "desproporcional" e indefensável.

"É urgente parar com a matança. A posição do Brasil é clara: Não haverá paz enquanto não houver um Estado palestino, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital", afirmou.

"A decisão sobre a existência de um Estado palestino independente foi tomada há 75 anos pelas Nações Unidas. Não há mais desculpas para impedir o ingresso da Palestina na ONU como membro pleno."