Lula diz que ainda trabalha para fechar acordo Mercosul-UE esta semana

Reuters

Publicado 04.12.2023 12:41

Atualizado 04.12.2023 14:40

Por Lisandra Paraguassu

(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta segunda-feira, que continuará tentando fechar o acordo entre a União Europeia e o Mercosul e só poderá dizer que não foi possível ao final da cúpula sul-americana nesta semana, no Rio de Janeiro.

"Só posso dizer que não vai ter assinatura quando terminar a reunião do Mercosul e eu tiver o não. Enquanto eu puder acreditar que é possível fazer esse acordo eu vou lutar para fazer", disse Lula em conversa com a imprensa em Berlim, ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz.

"Depois de 23 anos, não concluir o acordo eu penso que é porque estamos sendo irrazoáveis na necessidade que temos de avançar nos acordos comerciais políticos e econômicos", acrescentou.

A expectativa do governo brasileiro e da presidência da União Europeia era de que fosse possível finalmente fechar o acordo para anunciá-lo na Cúpula do Mercosul, na quinta-feira desta semana. No entanto, os últimos dias mostraram percalços maiores do que estavam sendo antecipados pelos negociadores.

No fim de semana, o presidente da França, Emanuel Macron, foi incisivo ao dizer que não concorda com o acordo e que ele está ultrapassado, na declaração mais forte contrária às negociações que deu até hoje.

Mas, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters, o maior impedimento que surgiu foi de fato a intenção do atual governo argentino de não assinar o acordo já que um novo presidente, Javier Milei, assume o cargo apenas três dias depois da cúpula do Mercosul.

"Além da posição da França nós temos a posição da Argentina, que teve eleições. O novo presidente toma pose dia 10, o (Alberto) Fernándes que vai participar da nossa reunião dia 7", admitiu Lula.

A futura chanceler argentina, Diana Mondina, disse à Reuters que o novo governo irá continuar negociando o acordo, mesmo que não seja fechado esta semana, e que "um dia, de alguma forma", as negociações serão concluídas, em uma demonstração de interesse do governo Milei nas tratativas.

Os negociadores brasileiros afirmam que as discussões estavam bastante avançadas. Uma nova comissão europeia viria ao Brasil esta semana para tentar fechar os últimos detalhes antes da cúpula, mas desistiu depois da mudança de posição argentina, de acordo com uma fonte envolvida nas tratativas.

Lula disse ainda, na Alemanha, que entende a posição do presidente francês, e ressaltou que não é Macron apenas que é contrário ao acordo com o Mercosul, mas todos os seus antecessores também o foram.