Não há risco de golpe e não tenho dúvida do respeito das Forças Armadas ao resultado eleitoral, diz Pacheco

Reuters

Publicado 20.05.2022 12:10

Atualizado 20.05.2022 15:45

Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta sexta-feira que não há risco de recusa do resultado das eleições de outubro ou de um golpe, e avaliou ainda que as Forças Armadas respeitarão o desfecho eleitoral.

Em entrevista a agências internacionais, o senador avaliou como positiva a participação de observadores internacionais no processo eleitoral de outubro, assim como das Forças Armadas na comissão de transparência criada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Defendeu, no entanto, que cabe apenas à Justiça Eleitoral a tarefa de apurar os votos.

"Com as instituições do Brasil funcionando, com a sociedade, com a democracia já plenamente assimilada, eu não vejo o mínimo ambiente para uma recusa do resultado eleitoral e muito menos de um golpe", disse Pacheco ao ser questionado sobre a possibilidade.

"As Forças Armadas são instituições constitucionais presentes na vida dos brasileiros, delas nos orgulhamos", disse. "Não tenho dúvida da maturidade e do papel das Forças Armadas na busca também do consenso e do respeito ao resultado eleitoral."

Pacheco negou, ainda, ter havido erro na iniciativa do TSE de convidar as Forças Armadas para participar da discussão sobre a transparência das eleições, reforçou que cabe ao Judiciário dar a última palavra na mediação de conflitos e defendeu que o respeito a este Poder seja "urgentemente restabelecido".

Para ele, cabe exclusivamente ao Judiciário, mais especificamente ao TSE, a apuração das eleições, a despeito de declarações do presidente Jair Bolsonaro, que vem insistindo que as Forças Armadas façam uma apuração paralela dos votos. O presidente já vem, há algum tempo, e sem apresentar evidências que corroborem suas suspeitas, questionando a confiabilidade do processo de votação, a segurança das urnas eletrônicas e a inviolabilidade do sistema.

"O Poder Executivo tem lá candidatos nessas eleições, e, portanto, partes interessadas. Nós, do Legislativo, temos uma série de candidatos também, e consequentemente partes interessadas. Então cabe ao Poder Judiciário do país, inclusive com uma estrutura muito significativa, o papel de, com isenção --já que não disputará as eleições--, de cuidar das eleições", ponderou Pacheco.

"Essa confiança na Justiça Eleitoral, eu acho que é algo que é muito importante que toda sociedade tenha, porque ela tem razoabilidade, ela tem lógica", defendeu.

CAÓTICO

Como presidente do Legislativo, o senador terá a tarefa de dar posse ao eleito em outubro para a Presidência da República, e disse acreditar que "haverá solenidade de posse normalmente".

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Defensor de um reforço do diálogo para fazer frente ao tensionamento entre as instituições, o presidente do Congresso admitiu que este é um dos piores momentos do país desde a redemocratização e que o Judiciário é alvo de ataques.

Para ele, tanto Bolsonaro, com seus posicionamentos "frontalmente" contra membros da magistratura ou decisões judiciais, quanto o Judiciário, devem fazer o seu papel.

No caso da Justiça, o parlamentar avalia que poderia haver, por iniciativa do próprio Poder, uma reflexão sobre sua atuação para evitar conflitos. Citou a adoção de decisões monocráticas como um dos pontos que podem gerar atritos com os demais Poderes. Também avaliou como positiva uma futura discussão sobre as competências do Suprema Corte a título de "aperfeiçoamento".

Já ao comentar as falas e atitudes de Bolsonaro, considerou "equivocado" e "errado" que ele, assim como qualquer outro cidadão, avente a possibilidade de descumprir uma decisão judicial.

"Seria caótico nós termos um Estado em que as pessoas não mais respeitem as decisões judiciais", afirmou o presidente do Senado, sem referir-se diretamente, nesta fala, a Bolsonaro.

A respeito de entrevista de Bolsonaro divulgada nesta sexta em que o presidente o acusa de agir parcialmente em meio à crise institucional, Pacheco negou haver qualquer preferência ou posicionamento pessoal por determinado Poder ou autoridade.

"A única parcialidade que me permito ter é na defesa do Poder que eu represento, que é o Poder Legislativo. E também, evidentemente, na defesa da democracia e do Estado de Direito", disse o parlamentar.