Norman Jewison, diretor de "No Calor da Noite", morre aos 97 anos

Reuters

Publicado 22.01.2024 21:51

Por Will Dunham

(Reuters) - O diretor de cinema canadense Norman Jewison, cuja gama eclética de obras-primas incluiu o drama racial de 1967 "No Calor da Noite", a comédia romântica "Feitiço da Lua", de 1987, e o musical de 1971 "Um violinista no telhado", morreu aos 97 anos, informou seu agente.

Jewison morreu em sua casa no sábado, disse Jeff Sanderson nesta segunda-feira.

O diretor, cujos filmes também incluíram a sátira da Guerra Fria de 1966 "Os russos estão chegando! Os russos estão chegando!" e a provocativa ópera rock de 1973 "Jesus Cristo Superstar", foi considerado um dos diretores mais importantes das últimas quatro décadas do século 20. Ele era amplamente admirado por sua capacidade de criar filmes poderosos em muitos gêneros diferentes.

Seus filmes ganharam vários prêmios da Academia e Jewison recebeu um Oscar honorário pelo conjunto da obra em 1999. "No Calor da Noite", estrelado por Sidney Poitier e Rod Steiger, ganhou o Oscar de melhor filme em 1967.

"Feitiço da Lua", de 1987, tornou-se uma das comédias românticas mais populares de Hollywood. Conta a história de uma viúva do Brooklyn, interpretada por Cher, que concorda em se casar com um homem que não ama e depois se apaixona pelo irmão dele, interpretado por Nicolas Cage. Cher ganhou o Oscar de melhor atriz por sua atuação atrevida.

As viagens de Jewison como jovem nos Estados Unidos da década de 1940 -- vendo o racismo branco flagrante contra os negros no sul do país -- influenciaram seus filmes, especialmente seus três dramas raciais: "No Calor da Noite", "A História de um Soldado" (1984) e "Hurricane - O Furacão" (1999).

"No Calor da Noite" enfocou o relacionamento entre um policial negro (Poitier) e um xerife branco (Steiger) em uma cidade racista do sul. A visão do personagem de Poitier atacando um rico proprietário de terras branco chocou alguns espectadores na época.

Jewison se lembra de ter sido provocado quando menino em Toronto por pessoas que pensavam que ele era judeu por causa de seu nome. Ele veio de uma família cristã, mas a percepção errônea persistiu.

PROGRESSISTA ASSUMIDO

Jewison era um progressista declarado que participou de marchas pelos direitos civis na década de 1960 e conheceu o ex-procurador-geral dos EUA Robert Kennedy e o herói dos direitos civis Martin Luther King Jr.

Ele atraiu a ira de alguns conservadores dos EUA. O ator durão John Wayne ficou furioso com o filme de Jewison "Os russos estão chegando! Os russos estão chegando!", de 1966, uma sátira que retrata o caos cômico em uma cidade da Nova Inglaterra depois que um submarino soviético encalha.

"Quanto mais bêbado ele ficava, mais queria me dar um soco", disse Jewison à CTV News do Canadá em 2009 sobre Wayne.

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Jewison ficou desencantado com a sociedade norte-americana após os assassinatos de Kennedy e King em 1968 e mudou-se para fora do país.

"Perdi meu idealismo político. Então fui embora, levei a família para o Canadá e rasguei meus green cards -- algo pelo qual as crianças ainda não me perdoaram", disse Jewison ao Ottawa Citizen em 2004, referindo-se ao status de residência permanente nos EUA.

Jewison dirigiu 12 atores diferentes em performances indicadas ao Oscar, com Steiger vencendo por "No Calor da Noite" e Cher e Olympia Dukakis vencendo por "Feitiço da Lua" Ele produziu a maioria de seus filmes, bem como alguns de outros diretores.

Jewison recebeu um Oscar honorário por sua carreira, o Irving G. Thalberg Memorial Award, em março de 1999.