Papa Francisco diz que leis que criminalizam pessoas LGBT+ são um "pecado" e uma injustiça

Reuters

Publicado 05.02.2023 17:53

Por Philip Pullella

A BORDO DO AVIÃO PAPAL (Reuters) - O papa Francisco disse neste domingo que as leis que criminalizam pessoas LGBT+ são um pecado e uma injustiça porque Deus ama e acompanha as pessoas com atração por outras do mesmo sexo.

Francisco, que fez suas declarações em resposta à pergunta de um repórter a bordo do avião que retornava de uma viagem a dois países na África, recebeu total apoio de outros dois líderes cristãos que estavam no avião com ele.

"A criminalização da homossexualidade é um problema que não pode ser ignorado", disse Francisco, que então citou estatísticas não identificadas segundo as quais 50 países criminalizam pessoas LGBT+ "de uma forma ou de outra" e cerca de 10 outros têm leis que incluem a pena de morte para eles.

De acordo com dados da ILGA World --Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais--, 66 Estados-membros da ONU continuam criminalizando relações sexuais consensuais entre pessoas do mesmo sexo. Em vários países onde as relações entre pessoas do mesmo sexo são ilegais, as punições podem incluir a possível pena de morte.

"Isso não está certo. Pessoas com tendências homossexuais são filhos de Deus. Deus as ama. Deus as acompanha... condenar uma pessoa assim é um pecado. Criminalizar pessoas com tendências homossexuais é uma injustiça", disse Francisco.

Ele lembrou que o catecismo da Igreja Católica, ou livro de ensinamentos, diz que a atração por pessoas do mesmo sexo não é um pecado, mas que atos homossexuais são. Também diz que as pessoas LGBT+ não devem ser marginalizadas.

Francisco mencionou sua frase agora famosa logo após se tornar papa em 2013, de que ele não pode julgar pessoas com tendências homossexuais que buscavam a Deus. Ele também observou que, durante uma visita à Irlanda em 2018, disse que os pais não podiam deserdar seus filhos LGBT+, mas mantê-los em uma família amorosa.

Ele também repetiu que a Igreja Católica não pode permitir o casamento sacramental de casais do mesmo sexo, mas que apoia a chamada legislação de união civil que oferece proteção legal a casais do mesmo sexo em questões como pensões, herança e assistência médica.

O papa fez a viagem ao Sudão do Sul, o segundo país da viagem, como uma peregrinação de paz com o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, e o moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, Iain Greenshields.

Ambos os líderes cristãos estavam no avião voltando do país africano e participaram da coletiva de imprensa habitual do papa com repórteres, a primeira em qualquer viagem papal.

Ambos elogiaram os comentários do papa.

"Concordo inteiramente com cada palavra que ele disse", disse Welby, observando que a própria comunhão anglicana estava dividida sobre os direitos dos homossexuais e que duas resoluções contra a criminalização de pessoas LGBT+ "não mudaram realmente a opinião de muitas pessoas".

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Welby acrescentou: "Certamente citarei o Santo Padre. Ele disse isso de maneira tão bela e precisa".