PGR pede ao STF inquérito contra Salles por suposta tentativa de obstruir apreensão de madeira

Reuters

Publicado 01.06.2021 08:10

Atualizado 01.06.2021 08:35

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - A Procuradoria-Geral da República pediu nesta segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito criminal para investigar o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por suspeita levantada por um delegado da Polícia Federal de que ele tenha atuado para obstruir uma apuração que levou à apreensão recorde de madeira ilegal na região amazônica.

O inquérito, que precisa da autorização da ministra Cármen Lúcia para tramitar, tem como base a apuração conduzida pelo então superintendente da PF no Amazonas, delegado Alexandre Saraiva (SA:SLED4), que foi remetida para o STF.

Saraiva também acusou Salles de favorecer madeireiros e ainda de integrar uma organização criminosa envolvida num esquema de receptação e crimes ambientais. O delegado --um dos mais experientes da corporação-- deixou o cargo da superintendência do órgão no Amazonas em meio ao pedido feito ao Supremo de investigação de Salles.

A PGR quer investigar no STF o ministro pelos crimes de advocacia administrativa, dificultar a fiscalização ambiental e ainda tentar impedir uma investigação de infração penal que envolva organização criminosa.

Procurado pela Reuters, o ministro disse, por meio da assessoria da pasta: “Será uma boa oportunidade para esclarecer todos os fatos".

COMPARECIMENTO

No pedido de abertura de inquérito ao STF, a PGR narra que, durante uma investigação preliminar do caso, Salles classificou a então notícia-crime de "infundada", embora tenha admitido ter se reunido com empresários que estariam envolvidos nas irregularidades.

O vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, defendeu o aprofundamento das investigações. "O comparecimento, in loco, da mencionada autoridade, bem como as suas manifestações públicas quanto a uma investigação em curso, são dados exaustivamente documentados pela autoridade policial, com registros fotográficos, a merecer os devidos esclarecimentos", disse.

O caso da apreensão recorde de madeiras envolvendo Salles já tinha tido repercussão no STF. Há duas semanas, o ministro da Corte Alexandre de Moraes determinou uma operação de busca e apreensão de documentos e materiais eletrônicos em endereços ligados ao ministro do Meio Ambiente e a quebra dos sigilos bancário e fiscal de janeiro de 2018 até maio deste ano.