Se eleição de 2022 repetir 2018, haverá cassação de registro e prisão, avisa Moraes

Reuters

Publicado 28.10.2021 12:15

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - Ministro que presidirá o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições do próximo ano, Alexandre de Moraes disse que não vai tolerar a repetição da prática de disseminação de notícias falsas no pleito de 2022 e alertou que a conduta, se ocorrer, poderá levar à prisão dos envolvidos e a cassação do registro da candidatura dos envolvidos.

"Se houver repetição, se houver repetição do que foi feito em 2018, o registro será cassado e as pessoas que assim fizerem irão para a cadeia por atentarem contra as eleições e a democracia no Brasil", disse Moraes nesta quinta-feira, durante julgamento no TSE de ações contra a chapa vitoriosa na última eleição presidencial, Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão.

Moraes afirmou que é "notório" que a prática ocorreu nas eleições de 2018, mas não houve provas suficientes para cassar a chapa Bolsonaro-Mourão.

"A Justiça é cega, mas não é tola. Não podemos criar de forma alguma precedente avestruz. Todo mundo sabe o mecanismo utilizado nas eleições", disse.

"Uma coisa é se há a prova específica da imputação. Não se pode criar um precedente avestruz de que não ocorreu nada, é um fato notório", emendou.

Além de chefiar o TSE no pleito de 2022, Moraes também é relator no Supremo Tribunal Federal (STF) de investigações sensíveis para o presidente Jair Bolsonaro e aliados dele. Duas delas --os inquéritos da fake news e dos atos antidemocráticos-- tiveram provas compartilhadas com as ações julgadas pelo TSE esta semana.

O magistrado é o principal alvo das críticas de Bolsonaro na cúpula do Judiciário. O presidente chegou até a pedir um impeachment dele ao Senado, mas o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), rejeitou o pedido.

h2 SEM SURPRESA/h2

O ministro do STF disse que a Justiça Eleitoral e todo o Poder Judiciário não será mais pego de surpresa com a atuação do que chamou de milícias digitais.

"A Justiça aprendeu, fez a sua lição de casa, a Justiça Eleitoral se preparou e este julgamento deixa muito claro isso. Nós já sabemos como são os mecanismos", afirmou.

"Não vamos admitir que essas milicias digitais tentem novamente desestabilizar as eleições, as instituições democráticas, a partir de financiamentos espúrios e não declarados", reforçou ele, ao citar que empresários após financiarem esse esquema obtiveram vantagens no atual governo. "Não há almoço grátis", resumiu.