Sobe para 28 número de mortos em operação policial no Jacarezinho

Reuters

Publicado 07.05.2021 20:35

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Polícia Civil do Rio de Janeiro confirmou nesta sexta-feira mais três mortes em decorrência da operação deflagrada na favela do Jacarezinho, na zona norte da capital fluminense, na véspera, elevando para 28 o total de óbitos na ação mais letal já deflagrada pelas forças de segurança na cidade.

Os corpos das três vítimas foram retirados da comunidade nesta sexta e, segundo a polícia, também seriam de homens com ligação com o crime organizado na favela, assim como outras 24 vítimas fatais da operação. Um policial também morreu durante a operação.

"A inteligência confirmou todos os mortos como traficantes. Eles atiravam para guardar posição, para matar. Tinham ordem para confrontar", afirmou o chefe da Polícia Civil, Alan Turnowski, a jornalistas.

Moradores protestaram na comunidade nesta sexta-feira e rejeitaram a versão da polícia de que todos os mortos eram envolvidos com o crime.

"Houve gente que já estava rendida, pediu para se entregar e foi morta... teve policial que matou na rua, na frente de crianças e idosos", disse uma moradora, que não quis se identificar.

A Defensoria Pública e o Ministério Público do Rio de Janeiro abriram uma investigação sobre a atuação da polícia na ação no Jacarezinho.

"Operações de enfrentamento ao crime organizado são necessárias, mas devem ser feitas com inteligência e planejamento. Salientamos que o norte permanente da atuação das forças de segurança deve ser a preservação de vidas, inclusive a dos próprios policiais", afirmou o MP em nota.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu nesta sexta-feira esclarecimentos ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), e a outras autoridades estaduais sobre as circunstâncias da operação.