Governo descontingencia R$12,824 bi do Orçamento de 2017

Reuters

Publicado 22.09.2017 15:31

Atualizado 24.09.2017 03:00

Governo descontingencia R$12,824 bi do Orçamento de 2017

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - Os Ministérios da Fazenda e do Planejamento anunciaram nesta quinta-feira um descontingenciamento de 12,824 bilhões de reais no Orçamento deste ano, caminho aberto pelo afrouxamento da meta fiscal.

Com isso, o contingenciamento total no ano foi reduzido a 32,1 bilhões de reais para garantir o cumprimento da meta de déficit primário de 159 bilhões de reais para o governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência), alvo que foi aprovado pelo Congresso Nacional no fim de agosto ante meta anterior de 139 bilhões de reais.

Em relatório de receitas e despesas do 4º bimestre divulgado nesta sexta-feira, o governo diminuiu a conta da receita primária total em 7,771 bilhões de reais no ano. Também aumentou o valor esperado para as despesas primárias totais em 2,269 bilhões de reais.

Os cálculos tiveram como pano de fundo uma expectativa inalterada de crescimento de 0,5 por cento para o PIB em 2017, apesar de o próprio ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ter sinalizado na véspera que o governo deve elevar a projeção para um crescimento de 0,7 por cento -- mesmo percentual estimado pelo Banco Central em seu Relatório Trimestral de Inflação..

Para o IPCA, o governo diminuiu a conta a um avanço de 3,5 por cento no ano contra crescimento de 3,7 por cento estimado em relatório anterior, divulgado em julho.

No total, o governo diminuiu a conta da receita primária total em 7,771 bilhões de reais no ano, principalmente pela reestimativa de recursos esperados com o Refis, programa de renegociação tributária. Agora, a expectativa é de que o Refis arrecade 4,160 bilhões de reais a menos, na esteira de indefinição sobre a votação de projeto acerca do programa no Congresso Nacional.

O prazo de adesão ao Refis, cuja abertura se deu por Medida Provisória, se encerra no fim deste mês. Na véspera, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que se não houver acordo sobre a votação do texto, o natural é que a MP caduque.

Parlamentares apontam dureza excessiva nas regras atuais, substancialmente afrouxadas em relação à primeira versão do programa concebida pela equipe econômica, que não permitia desconto sobre multas e juros.

Segundo o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, a arrecadação com o Refis é de 8,8 bilhões de reais até o momento, parcela que o governo está considerando no Orçamento.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Conforme antecipado mais cedo pela Reuters, o relatório não contou com a ajuda de mais recursos de precatórios não sacados. O governo chegou a trabalhar com a expectativa de liberar até 15 bilhões de reais do Orçamento caso pudesse contabilizar esses recursos adicionais, mas não conseguiu respaldo jurídico a tempo de incluí-los.

No relatório anterior, de julho, o governo já havia engordado o Orçamento em 10,2 bilhões de reais com precatórios não sacados. Desta vez, diminuiu o que efetivamente está calculando a cerca de 8 bilhões de reais.

Em coletiva de imprensa, Oliveira afirmou que o governo ainda conta com eventual ingresso de mais recursos com precatórios, o que pode inclusive aumentar o descontingenciamento até a publicação do decreto sobre o tema até a próxima semana.

"Há potencialidade entre 2 e 4 bilhões de reais (com precatórios), estamos concluindo a avaliação", disse.