Leilão de transmissão deverá ter forte disputa, mas cenário macro pode limitar deságio

Reuters  |  Autor 

Publicado 27.06.2018 12:31

Leilão de transmissão deverá ter forte disputa, mas cenário macro pode limitar deságio

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - Um leilão de concessões para a construção e futura operação de linhas de transmissão de energia que será realizado na quinta-feira pelo Brasil deverá registrar forte disputa entre investidores e atrair interessados para todos os projetos que serão oferecidos, que devem demandar cerca de 6 bilhões de reais em investimentos.

Especialistas ouvidos pela Reuters avaliam que devem participar da licitação grandes elétricas internacionais, como grupos indianos, chineses e europeus, e empresas locais, tanto do setor de transmissão quanto construtoras que visam ampliar a presença no segmento.

O apetite das empresas deve resultar em descontos frente à receita-teto definida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para cada empreendimento do pregão, mas uma escalada de incertezas no cenário macroeconômico e político do país e na conjuntura internacional poderá limitar os deságios frente à última licitação, em dezembro.

O leilão passado registrou um recorde de participantes, o que chegou a gerar um "congestionamento" na entrada da bolsa paulista B3 no dia do evento, e levou a um expressivo deságio médio de 40,46 por cento em relação aos preços-teto.

"A competição vai continuar acirrada... mas hoje em dia, dado o movimento na economia, tem um componente de risco, um pouco de variação cambial que afeta o custo do investimento... isso vai se refletir, talvez, um pouco nos níveis de desconto, não deve chegar aos níveis do ano passado", disse à Reuters o consultor da KPMG, Paulo Guilherme Coimbra.

A impressão é semelhante à de analistas da corretora Brasil Plural (SA:BPFF11), que em nota nesta semana disseram que a "recente mudança na percepção de risco para o Brasil" deve aumentar o custo de capital para novos investimentos, o que "pode levar os investidores a mostrarem mais disciplina".

"Apesar de a concorrência ser menor neste ano do que no último leilão, não necessariamente será fácil", adicionaram.

Entre os investidores esperados estão a indiana Sterlite Power, que foi destaque nas duas últimas concorrências e eventuais outras empresas do país, além da chinesa State Grid, a francesa Engie, o grupo português EDP (SA:ENBR3) e a Celeo Redes, da espanhola Elecnor.

A Cteep, da colombiana Isa, também deve participar, assim como a Taesa (SA:TAEE11), empresa de transmissão controlada pela estatal mineira Cemig (SA:CMIG4) e pela Isa, e a elétrica local Energisa (SA:ENGI4).

Mas essas companhias devem concentrar a competição principalmente pelos projetos de maior porte que serão oferecidos, enquanto lotes menores possivelmente atrairão empresas de construção (as chamadas 'EPCistas'), repetindo tendência vista no último pregão.

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"Parece que tem muita empresa 'EPCista' nos lotes menores, a gente acha que vai ter bastante dessas empresas fazendo propostas. Eles entram para garantir obras, e pegam lotes menores, para os quais eles têm balanço (suficiente para arcar com riscos e custos)", apontou o sócio da consultoria Thoreos, Rodrigo de Barros.

"A gente tem os estrangeiros, como os indianos, e tem diversas construtoras, que entraram no leilão passado e foi surpreendente... e acho que esse perfil vai seguir", disse a gerente da área de transmissão da consultoria em energia PSR, Martha Rosa Carvalho.