Mercado de olho na reforma da Previdência, IGP-10, PNAD, varejo e serviços

Arena do Pavini

Publicado 13.11.2017 06:48

Mercado de olho na reforma da Previdência, IGP-10, PNAD, resultados do varejo e do setor de serviços

Arena do Pavini - Nesta semana encurtada pelo feriado nacional da Proclamação da República na quarta-feira, com a B3 (SA:BVMF3) e os bancos fechados, as atenções do mercado devem continuar voltadas para as tentativas de retomar as discussões políticas acerca da reforma da Previdência, para a qual o governo procura votar um relatório alternativo.

Na economia, os destaques são a divulgação, pelo IBGE, do desempenho das vendas no varejo (terça-feira) e da pesquisa mensal de serviços (sexta-feira) relativos a setembro. Além disso, a Fundação Getúlio Vargas anuncia na quinta-feira o IGP-10 de novembro, prévia do IGP-M e do IGP-DI, e, na sexta-feira, saem os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, trazendo o cenário do mercado de trabalho no terceiro trimestre.

No exterior, a preocupação será com a reforma tributária nos EUA, que pode cortar impostos sobre empresas e pessoas. Duas propostas estão em discussão, na Câmara e no Senado, e é possível que tenham de ser conciliadas antes de serem enviadas do presidente Donald Trump. Uma das propostas prevê adiar a entrada do desconto de imposto sobre empresas por um ano, para 2019.

Reforma da Previdência: prazo curto

No cenário político, destaca análise do Banco ABC Brasil (SA:ABCB4), fica clara a maior dificuldade do governo de colocar em pauta e aprovar a reforma da Previdência ainda este ano. Isso porque ela deve ser apresentada nesta semana e, por conta do feriado do dia 15, não terá avanços na Câmara. Portanto, começará a ser discutida na semana do dia 20 de novembro. O banco lembra ainda que o governo tem duas dificuldades na Câmara: não possui os 308 votos necessários (admite ter hoje 250), e o prazo é curto, em razão de o recesso parlamentar iniciar em 15 de dezembro. Na prática, a reforma teria de ser aprovada na Câmara em quatro semanas.

Na última quinta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a nova proposta de reforma da Previdência, que está sendo discutida entre o governo e lideranças políticas, “vai ajudar na aprovação” da matéria. Ele recebeu em sua casa no Lago Sul, em Brasília, o presidente Michel Temer, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e líderes de partidos da base governista para discutir estratégias de retomada da tramitação da proposta de alteração das regras de acesso à aposentadoria.

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Racha no PSDB e eleições 2018

A análise do ABC Brasil menciona ainda os desdobramentos do racha interno do PSDB, com a destituição do presidente interno, senador Tasso Jereissati, e seus possíveis efeitos na eleição de 2018. A crise do partido coloca no centro do debate político a permanência dos tucanos no governo Temer. De um lado está Aécio Neves, que defende a aliança com o PMDB, e de outro Tasso, que é pela saída do partido. As eleições internas estão marcadas para 9 de dezembro, mas surgem especulações do nome do governador Geraldo Alckmin para sair candidato e pacificar o PSDB. Em evento em São Paulo hoje, domingo, na eleição do Diretório Estadual, Aécio foi vaiado enquanto Alckmin era ovacionado pelo público e recebia apoios para se candidatar ao comando do partido e à Presidência da República no ano que vem. O senador José Serra foi citado como candidato ao governo do Estado.

Efeitos sobre o câmbio

De olho no andamento das reformas e nos efeitos dos diferentes cenários políticos sobre a taxa de câmbio, os analistas do ABC Brasil afirmam que, em termos práticos, pode-se dividir o comportamento do câmbio em dois períodos.

No curto prazo, olhando para o desenrolar das “Reformas”, a da Previdência, por aqui, e a Tributária, nos EUA. Um andamento mais rápido do que o esperado, no caso da primeira, levaria o dólar abaixo dos R$ 3,20. Já no caso da segunda, acima de R$ 3,30. No cenário básico, de que nenhuma das duas saia ainda esse ano, uma oscilação dentro desse intervalo parece a “aposta” mais acertada. Já em prazos mais longos, aumenta a importância dos números de inflação nos EUA e do cenário eleitoral no Brasil, surgindo como única certeza que a volatilidade será bem maior ao longo de 2018.

Dois fatores importantes para a economia dos EUA preocupam os mercados, no Brasil e no resto do mundo. O presidente Trump vem fazendo mudanças na direção do Banco Central americano (Federal Reserve – Fed), o que pode trazer alterações na condução das taxas de juros americanas. O segundo fator é justamente a reforma tributária proposta pelo presidente, que gera questionamentos em relação aos efeitos que trará para a maior economia do mundo e seu entorno.

Efeitos sobre o mercado acionário

Analisando as possibilidades de recuperação do mercado acionário local, Alvaro Bandeira, economista-chefe da corretora Modalmais, também vê como um dos pontos centrais o andamento da reforma da Previdência. “Nossa expectativa é de que os dois fatores que mexeram com os mercados de risco no período precedente possam ter alguma solução: a reforma da Previdência, no Brasil, e a tributária, nos Estados Unidos.”

Na avaliação do economista, a reforma previdenciária deve ter cronograma melhor explicitado pelo presidente da Câmara e governo, assim como as mudanças que serão contempladas e votadas, como idade mínima, tempo de contribuição e eliminação de desigualdades entre setor público e privado, que seriam considerados avanços pelos investidores.

Quanto à reforma tributária americana, Bandeira acredita que congressistas e governo devem chegar a um acordo, que pode ser pela vigência ainda em 2018, como quer Donald Trump. “Isso não muda muito a expectativa de aumento de déficit em US$ 1,5 trilhão em 10 anos. Teremos as discussões sobre teto de endividamento, e como sempre ocorre, isso será definido no limite”, completa.

Varejo restrito: estimativas de alta interanual acima de 6%

Os analistas do banco suíço UBS estimam variação sobre o mesmo mês do ano anterior de 6,2% para as vendas de varejo restrito em setembro, e acreditam que a taxa pode mostrar uma expansão de 0,4% na variação mensal, uma pequena recuperação após resultado decepcionante de -0,5% na variação mensal anterior.

Já para a equipe da Rosemberg Associados, a Pesquisa Mensal do Comércio de setembro, apesar da continuidade do movimento de melhora do varejo na comparação interanual, projeta estabilidade para o varejo na comparação mensal, após dois meses de queda nesta base de comparação.

Os economistas do Banco Fator acreditam que o varejo deve fechar terceiro trimestre com alta interanual de 6%. Lembram que, de acordo com a pesquisa mensal do IBGE, o varejo continua frágil na comparação mensal, com a variação de 0,1% no volume de vendas no ampliado e contração de 0,54% no restrito em agosto.

Setor automobilístico deve puxar alta no varejo ampliado

“Estes números indicam que o varejo está em patamar mais elevado em comparação com 2016, porém, o crescimento na margem (mensal) não se mantém, de maneira semelhante aos demais setores de atividade”, destacam. “Nossa projeção para o resultado de setembro, porém, é de forte alta no mês, saindo de queda de 0,5% para alta de 2,6%, com alta de 4,4% no ano; para o varejo ampliado, estimamos forte alta no mês, de 1,3%, fruto de alta de 9,7% no ano, graças ao setor automobilístico”, completa a equipe do Fator.

Setor de serviços ainda mostra fragilidade

Os economistas do banco Fator destacam que o setor de serviços se contraiu na margem pelo segundo mês seguido (-1%) em agosto, porém manteve o padrão de alguma melhora em relação ao ano anterior (queda não tão intensa). A origem deste resultado negativo estaria no volume de serviços prestados à família, que registraram significativa queda de 4,4% no mês, enquanto o destaque positivo foi o setor de transportes. “Resta concluir que, apesar da fragilidade no andamento mensal, os serviços estão próximos de registrar valores positivos anualmente.”

Os analistas do Banco UBS estimam, para o Índice de Setor de Serviços de setembro, na comparação interanual, queda de 2,5%, e alta de 0,4% na comparação mensal.

IGP-10 de novembro deve ficar estável

Na quinta-feira, a Fundação Getúlio Vargas divulga o Índice Geral de Preços 10 (IGP-10) de novembro. O índice se assemelha aos demais IGPs, com exceção do período de coleta dos dados — a pesquisa é feita entre o dia 11 do mês anterior e o dia 10 do mês de referência. Serve como base para reajustes de tarifas públicas, contratos de aluguel e parte dos planos e seguros de saúde, geralmente os mais antigos.

O IGP-10 registrou o segundo mês inflacionário, após cinco de deflação, acelerando para 0,49% em outubro. Este movimento, ressalta o Banco Fator, se repete nos preços no atacado (IPA), que passa de 0,55% em setembro para 0,67%, com destaque nos preços agrícolas, que tiveram inflação mensal (0,88%) pela primeira vez em um ano. A deflação nos preços dos alimentos finalmente se aproximou de zero (-0,08%), o que garantiu a retomada nos preços ao consumidor (IPC) para 0,18% neste mês.

A exceção foi a abertura referente aos custos da construção (INCC), que desacelerou para 0,11%. “Na comparação interanual o índice desacelerou a deflação (1,29%) e esperamos que esta seja revertida ainda neste ano. Nossos números (previsões) são 0,0% no mês e -1,29% no ano para novembro”, estima o Fator. A previsão da LCA para a variação mensal de novembro é de 0,02%.

De olho no Focus

Nesta semana as expectativas do mercado para a inflação mantêm-se em 3,08%, para o final de 2017, e 4,02% em 2018, segundo analistas do Fator. O destaque fica para a segunda alta consecutiva no câmbio, para R$ 3,20. Mas as atenções se voltam para a Selic média de 2018, a algumas semanas abaixo de 7% ao ano.

Arrecadação Federal e receitas não recorrentes

A Receita Federal também deve publicar na semana os valores da arrecadação do governo de outubro. “Nossa estimativa é de R$ 118,726 bilhões que, se confirmada, representa uma queda nominal de 20% em relação à arrecadação federal de outubro do ano passado, com forte queda no imposto de renda; é possível, porém, que receitas não recorrentes sejam responsáveis por número superior”, prevê o Fator.

A estimativa da Rosemberg Associados é um resultado de R$ 125,3 bilhões. “Se confirmada, será uma continuidade de sinais pouco mais animadores, que apontam para melhora do desempenho nos impostos relacionados à atividade econômica”, afirma a equipe. A consultoria lembra que, no ano passado, a arrecadação da repatriação de recursos financeiros ficou concentrada em outubro, o que deve turvar a análise dos dados na comparação interanual, na medida em que este recurso não se repetiu em 2017. “Em termos reais, ela aponta queda de 18% ante outubro de 2016, e a variação acumulada em 12 meses tem queda de 0,4%.”

Nível de atividade nos EUA, Ásia e Zona do Euro

Na agenda internacional, os destaques são os dados de inflação e atividade nos Estados Unidos, que saem na quarta-feira e, na avaliação da Rosenberg Associados, ainda devem refletir a volatilidade adicionada pelos furacões dos últimos meses.

Na Europa, devem sair os números revisados do PIB do terceiro trimestre, produção industrial e de inflação da zona do euro. Na Ásia, foco no desempenho do PIB do terceiro trimestre do Japão. Na terça-feira serão divulgados dados de atividade da economia Chinesa.

Bancos centrais na Europa discutem políticas de comunicação

A equipe do Banco Fator destaca ainda que o Banco Central Europeu realizará uma conferência que vai discutir os desafios ligados à eficácia das políticas de comunicação. Participarão do painel voltado para oportunidades de comunicação de bancos centrais o governador do Banco da Inglaterra, Mark Carney, o presidente do Banco Cental Europeu, Mario Draghi, o presidente do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda e também Janet Yellen, do Federal Reserve.

EUA divulgam dados de inflação e produção industrial

Na manhã da quarta-feira, o Bureau of Labor Statistics (BLS) publicará os índices de preços para os consumidores e produtores referentes ao mês de outubro. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) americano acelera levemente desde junho (1,6%), chegando a 2,20% em setembro; o seu núcleo, porém, está estável em 1,7% desde maio. Também serão divulgados os dados da indústria americana para o mês de outubro. A produção industrial e da manufatura, em setembro, de acordo com relatório do Fator, mostraram retrações de 0,3% e 0,1%, respectivamente.

Bolsa: investidor estrangeiro pode retornar ao mercado

O economista-chefe da Modalmais, Alvaro Bandeira, segue apostando na recuperação do mercado acionário local, apesar da volatilidade e das perdas ocorridas recentemente. “Se estivermos certos em nossos conceitos, os investidores estrangeiros devem começar a voltar ao mercado, até por conta da queda recente de preços e mercados mais calmos (atratividade)”, argumenta o economista.

Lembra, porém, que seria oportuno que a B3 tivesse força para superar o patamar de 75.100 pontos novamente, adquirindo maior consistência para buscar patamares mais elevados. “O cenário se complica se perdermos o patamar de 72.200 pontos (e 71.800 pontos), situação em que o mercado poderia acelerar perdas”, completa.

Por Arena do Pavini

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