Resumo: Previsões para 2017 ficam incertas com fraqueza da economia e delação da Odebrecht

Investing.com

Publicado 02.12.2016 18:21

Resumo: Odebrecht ensinará o funcionamento do Brasil e políticos reagem

Investing.com - Os eventos que marcaram essa semana serão importantes para entender e traçar os cenários do próximo ano. Entre o novo acordo da Opep no cenário externo e os inúmeros dissabores da política em Brasília, o acordo de leniência e delação premiada de dezenas de executivos da Odebrecht serve de pano de fundo para compreender como chegamos à recessão, que se aprofunda a cada medição, e ao caos político que se instaurou no país.

A maior empreiteira do país finalmente capitulou e se rendeu aos fatos desvendados desde a primeira delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, no início da Lava Jato, em 2014. Outrora combativa e crítica feroz de policiais, procuradores e juízes envolvidos na maior operação de combate à corrupção no país, a empresa assumiu publicamente que distribuiu propinas e se cartelizou para tomada de grandes obras no país e com vantagens indevidas no exterior.

Entender a Odebrecht será importante para compreender o Brasil e como chegamos aonde estamos: envolvidos em uma crise política e econômica sem precedentes na curta história desse país. O potencial de dano da delação dos executivos da empresa foi definido no início do ano pelo ex-presidente José Sarney como uma “metralhadora ponto cem” e é isso que a população espera: que o esquema de pagamento de propinas no sistema político nacional seja descortinado e os corruptos sejam expostos, julgados e punidos.

Os políticos, contudo, acusaram seu acuamento frente ao incerto futuro com o avanço da Lava Jato deu forte sinais de que cairão sem lutar. Na Câmara dos Deputados, na mesma semana que os principais executivos da Odebrecht, Marcelo e seu pai Emílio Odebrecht assumiram acordo de contar tudo que sabem para os procuradores da República, os deputados desvirtuaram o pacote anticorrupção, no que foi entendido como um grande golpe contra a Lava Jato.

A aprovação de medidas que tentam limitar a ação de procuradores e juízes ocorreu na madrugada de terça-feira para quarta-feira, enquanto o país sofria com uma das maiores tragédias esportivas já vividas com a queda do avião que levava o time da Chapecoense para a final da Sul Americana, na Colômbia. Em frente ao Congresso, o grande protesto no dia tinha como alvo a votação da PEC que limita o teto de gastos no Senado, aprovada com facilidade em primeiro turno no Plenário.

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Enquanto os políticos se debatem em busca de solução para a suas causas pessoais, o país segue afundando em sua crise econômica. Uma semana após o presidente Michel Temer se envolver para tentar solucionar uma questão de ordem privada do ex-ministro Geddel Vieira Lima, a realidade mostra a sua cara. O PIB afundou 0,8% no terceiro trimestre, desemprego encostou nos 12%, a produção industrial recuou 1,1% e os índices de confiança passaram a ceder.

O balde de água fria com o dado do PIB fez os analistas passarem rever as projeções para 2017 e o crescimento de 1% antes projetado como piso, passará a ser teto. O que tudo indica é que se permanecermos no campo positivo no próximo ano será uma vitória.

Ironicamente, o mesmo valerá para a classe política. A simples manutenção do atual status em 2017 será uma vitória pessoal para cada político envolvido nas investigações. Para o presidente do Senado, Renan Calheiros, essa realidade já chegou: foi tornado réu em ação no STF.

A expectativa, contudo, é negativa para ambos os casos. Enquanto a previsão é que caminhemos dados cada vez mais fracos na economia, a delação da Odebrecht e o avanço da Lava Jato em Curitiba deverá atacar em cheio o coração da política nacional. Não é possível hoje nem acertar o PIB e muito menos quem estará no comando do país no final de 2017. E, enquanto persistem as dúvidas, o país segue em compasso de espera.

Destaques internacionais

Após um sábado de possível descanso, os investidores voltarão a se conectar nas notícias internacionais com o plebiscito na Itália marcado para domingo. A população irá às urnas para dizer se o pacote de medidas estruturais propostas pelo primeiro-ministro Matteo Renzi será implantado. O receio dos mercados é que, em caso de derrota, o político anunciou que renunciará ao cargo, abrindo espaço para a ascensão de partidos eurocéticos.

O Banco Central Europeu deverá, enfim, anunciar a extensão de sua política de incentivo à economia, prorrogando por mais seis meses o programa de recompra de ativos, que se encerraria em março.

Os EUA mostraram a força de sua economia com a revisão do PIB do terceiro trimestre para 3,2%, em dados anualizados. O payroll veio em linha com a projeção com a criação de 178 mil novas vagas e o desemprego caiu a 4,6%, menor patamar em nove anos.

Após meses de negociações, a Opep finalmente fechou um acordo para limitar a produção de petróleo e tentar enxugar a sobreoferta em 2017. Os países deverão reduzir em 1,2 milhão de barris/dia a sua extração e contará com a participação extra de não membros, como a Rússia.

Dólar. A moeda norte-americana avançou frente ao real em um ambiente de valorização internacional amplificado por nossa crise política interna. A divisa nos R$ 3,50, após valorizar quase 7% em um mês.

Ibovespa. O principal índice da bolsa brasileira sofreu com as incertezas internas e perdeu 2,2% na semana, retornando aos 60 mil pontos. Em seu momento mais baixo, o Ibovespa tocou nos 58.097 pontos, menor valor desde meados de setembro.

Noticiário corporativo

Petrobras. A empresa manteve a meta de desinvestimento para este ano e indicou que deverá anunciar novas vendas neste mês. O presidente da companhia Pedro Parente disse que vê o acordo da Opep com cautela e que o patamar atual de preços do petróleo pode não se estabilizar. O executivo descartou novos investimentos em refino. A ação (SA:PETR4) subiu 6%.

Vale. A empresa fez seu encontro anual com investidores em Nova York e anunciou corte no investimento em 2017 para US$ 4,5 bilhões e que está mais próxima da venda de ativos de fertilizantes. A produção de minério de ferro deve avançar para o intervalo de 360 e 380 milhões de toneladas. Em relação à Samarco, os executivos da empresa indicaram que um acordo judicial deverá ser atingido em breve. O papel (SA:VALE5) ganhou 2%.

Eletrobras (SA:ELET3). A companhia conseguiu vender a Celg-D após tentativas fracassadas no passado. A distribuidora será entregue à Enel (MI:ENEI) por R$ 2,187 bilhões, ágio de 28% frente ao preço mínimo. A estatal possui 51% da distribuidora e tem como sócio o governo de Goiás. A Fitch revisou a perspectiva da companhia para estável, mantendo o rating.

Braskem. A petroquímica anunciou que deverá fechar um acordo de leniência com autoridades dos EUA e do Brasil após o acordo de sua controladora, Odebrecht. A ação (SA:BRKM5) disparou 12% na sexta-feira.

Itaú (SA:ITUB4) ficou no centro da Operação Zelotes na quinta-feira com mandatos de busca e apreensão sendo executados em suas sedes. Segundo o banco, a polícia federal investiga ações relacionadas ao BankBoston, adquirido em 2006, cujos contratos são de responsabilidade do Bank of America.

Banco do Brasil (SA:BBAS3). O banco passou a prever menos provisões em 2017, confiante na redução da inadimplência, que pesou sobre os resultados trimestrais deste ano.

Celulose. A Fibria (SA:FIBR3) anunciou reajuste para a commodity entregue na Europa e nos EUA a partir de 2017, dando sequência a movimento semelhante já efetuado na Ásia. A Suzano (SA:SUZB5) captou R$ 1 bilhão para reduzir custos da dívida.

Embraer (SA:EMBR3). A fabricante adiou a entrada em operação da segunda geração de seu jato E175 de 2020 para 2021.

Rumo. A empresa anunciou reorganização societária para separar as atividades portuárias.

h2 Commodities/h2

Petróleo. O acordo da Opep impulsionou o preço do barril da commodity que superou os US$ 51,50 nos EUA e os US$ 50,50 no Brent londrino. É o maior valor do petróleo em 16 meses.

Minério de ferro. O rali das commodities metálicas na China deu nova cara de volatilidade nesta semana, com novas máximas e grandes variações diárias.

Aço. O consumo de aço no Brasil deverá subir 3,5%, segundo o IABR.

Ouro. O metal recuperou da mínima de 10 meses atingida nesta semana, mas seu futuro segue incerto em meio às expectativas de alta de juros nos EUA.

Açúcar. A FCStone prevê moagem de 597,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar no centro-sul em 2017.

h2 Indicadores/h2

Selic. O Banco Central reduziu em 0,25 p.p. a taxa de juros do país e indicou cortes maiores já a partir de janeiro. A Selic passou a ser de 13,75%.

Inflação. O IGP-M recuou 0,03% em novembro, enquanto o IPC-S caiu para 0,17% e o IPC-Fipe cedeu para 0,15%.

Superávit comercial. A balança ficou positiva em US$ 4,758 bilhões em novembro, recorde para o mês.

Superávit primário. Com a repatriação, o resultado de outubro foi recorde, com R$ 39,589 bilhões.

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