Compradores de grãos do Brasil estão fora do mercado há 3 semanas, dizem operadores

Reuters  |  Autor 

Publicado 22.06.2018 18:42

Compradores de grãos do Brasil estão fora do mercado há 3 semanas, dizem operadores

Por Ana Mano

SÃO PAULO (Reuters) - Tradings de grãos pararam de comprar milho e soja de produtores no Brasil há mais de três semanas, na medida em que preocupações com os crescente custos de frete congelaram o mercado de duas das principais commodities do país, disseram operadores à Reuters nesta sexta-feira.

O Brasil terminou recentemente de colher a soja de 2018 e está colhendo a segunda safra de milho.

O aumento dos preços de frete também está dificultando o transporte da soja comprada durante abril e maio, quando os prêmios dos portos dispararam com o cenário da disputa comercial entre os Estados Unidos e a China acelerando as vendas dos grãos brasileiros.

Receios com os custos de transporte levaram as tradings no Brasil a atrasarem a remoção dos produtos dos armazéns de produtores, para evitar prejuízos, disse um operador.

"A ordem é para não comprar", disse um operador de Mato Grosso à Reuters.

"Não houve propostas para o milho ou para a soja futura por cerca de 25 dias", disse um operador do Paraná, que também não está autorizado a falar com a imprensa.

O problema deve persistir até que as regras para estabelecer custos de frete estejam mais definidas pelo governo, disseram operadores.

"Em algum momento, eles precisaram retornar ao mercado para suprir os pedidos (de exportação) e honrar contratos", disse um dos operadores.

De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), até a semana passada o maior Estado produtor de grãos do Brasil ainda precisava vender cerca de 32 por cento da sua segunda safra de milho.

Os custos de embarque de grãos no Brasil aumentaram acentuadamente nas últimas semanas, depois que o governo impôs preços mínimos para o frete rodoviário. Tal medida seguiu protestos nacionais de caminhoneiros, que paralisaram virtualmente a economia do país por 11 dias no mês passado.

O movimento forçou o governo federal a subsidiar o combustível e impor preços mínimos de frete como parte da solução para suspender as paralisações.